XV Panorama Internacional Coisa de Cinema celebra Glauber Rocha


Filme “O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro (1969)”. Divulgação

O cineasta baiano Glauber Rocha é o grande homenageado do XV Panorama Internacional Coisa de Cinema, que acontece em Salvador e Cachoeira entre os dias 30 de outubro e 6 de novembro. Essa edição reúne cerca de 130 filmes, entre longas e curtas-metragens, produzidos no Brasil e em outros países.

“Seria muito bom se Glauber ainda estivesse com a gente, fazendo filmes, com aquele espírito questionador, que não se curvou a nada e sempre buscou um caminho absolutamente autoral”, declara o idealizador e coordenador do festival, Cláudio Marques.

Uma realização da produtora Coisa de Cinema, o XV Panorama tem apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura da Bahia, e do Ministério da Cidadania, por meio do Fundo Setorial do Audiovisual. O Consulado Geral da França, Instituto Francês, German Films, Residência Artística Vila Sul, Instituto Goeth e Clube Correios também são apoiadores do festival.

As obras selecionadas para o Panorama serão exibidas nas competitivas Nacional, Baiana e Internacional, em mostras paralelas e sessões especiais, realizadas principalmente no Espaço Itaú de Cinema – Glauber Rocha. Cineastas e integrantes da equipe debatem os filmes em competição com o público após a exibição.

Pelo segundo ano consecutivo, Cachoeira terá uma competitiva exclusiva, com curadoria independente feita pela cineasta Camila Gregório. Realizadas no Cine Theatro Cachoeirano, as sessões têm acesso gratuito.

Entre os longas que integram a Competitiva Nacional está o grande vencedor do último Festival de Gramado, Pacarrete, de Allan Deberton. O filme foi contemplado em oito categorias, incluindo Melhor Filme, Direção e Atriz (Marcélia Cartaxo). Baseado em uma história real, o longa se debruça sobre a vida de uma mulher que realiza o sonho de ser bailarina clássica e ensinar balé, mas não tem sua arte respeitada quando volta para sua cidade natal.

Exibido no Festival de Berlim, A Rosa Azul de Novalis, de Gustavo Vinagre e Rodrigo Carneiro, traz um dândi de cerca de 40 anos com uma memória inigualável, incluindo recordações de vidas passadas. Outro destaque é Casa, dirigido pela baiana Letícia Simões. A diretora radicada em Recife é personagem do próprio longa, que revela seu processo de reaproximação com a mãe, uma mulher com transtorno bipolar.

A mostra tem dois filmes que estabelecem alguma relação com o homenageado Glauber Rocha. Um deles é Breve Miragem de Sol, dirigido por Eryk Rocha, filho do cineasta conquistense. Protagonizada por Fabrício Boliveira, a trama tem como cenário um Rio de Janeiro caótico em busca de reinvenção. O outro longa é A Mulher da Luz Própria, de Sinai Sganzerla, um documentário sobre Helena Ignez, uma das principais personalidades femininas do cinema brasileiro, que foi casada com Glauber.

Fechando a lista de oito selecionados estão Rua Guaicurus, de João Borges; Fendas, de Carlos Segundo; e A Rainha Nzinga Chegou, de Júnia Torres e Isabel Casimira. A mostra tem ainda dezesseis curtas-metragens, que serão exibidos em dupla em sessões conjuntas com os longas.

Na Competitiva Baiana, 25 filmes de diferentes formatos, gêneros e estilos, oferecem um cenário do cinema realizado no estado no último ano. Entre os destaques da mostra estão a animação Miúda e o Guarda-Chuva (Amadeu Alban), premiada no Anima Mundi 2019; Cinema de Amor (Edson Bastos e Henrique Filho), que mostra o casal de diretores na luta para viver de arte; e Uma Mulher, Uma Aldeia (Daniel Dourado e Marcelo Abreu Góis), que acompanha a pataxó Paula Kalantã na busca por sua identidade perdida.

Fechando as competitivas, a Internacional reúne seis longas e 13 curtas produzidos em países das Américas, Europa, Ásia e África, trazendo a Salvador filmes inéditos de lugares como a Islândia, Quênia, Filipinas, Irã e Peru. Preconceitos, tradições e crises de identidade são alguns dos temas abordados pelos filmes selecionados, conectando experiências locais com as grandes questões do mundo atual.

Glauber Rocha em imagem do Youtube de Pedro Urizzi

Homenagens – Três longas restaurados compõem a homenagem a Glauber Rocha, cineasta baiano, que teria completado 80 anos em março. Ganhador do prêmio de Melhor Direção no Festival de Cannes, O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro (1969) é um dos filmes da mostra, que traz ainda Terra em Transe (1967) e A Idade da Terra (1980).

O cineasta francês Louis Malle (1932-1995), um dos mais influentes de sua geração, é outro homenageado do XV Panorama. A mostra tem dois dos seus filmes premiados no Festival de Veneza: Os Amantes (1958) e Atlantic City (1980). A programação inclui Zazie no Metrô (1960) e Loucuras de uma Primavera (1990).

O cinema baiano será celebrado em dose tripla no festival, com sessões especiais para marcar os 60 anos de Redenção, de Roberto Pires; meio século de Meteorango Kid – O Herói Intergalático, de André Luiz Oliveira; e 30 anos de SuperOutro, de Edgard Navarro. Nos dois últimos, os diretores debaterão com o público ao final da exibição.

O filme etnográfico Eu, Um Negro (Moi, Un Noir), lançado em 1958 pelo francês Jean Rouch, também terá uma sessão especial. Mostrando jovens nigerianos que migram para a Costa do Marfim em busca de emprego, o longa é considerado um marco na quebra das fronteiras entre documentário e ficção.

Filme “A Vida Invisível”. Foto divulgação Bruno Machado

A Jornada 16mm é outro resgate histórico do XV Panorama, que celebra o formato surgido para registrar os horrores da Segunda Guerra Mundial. A mostra exibirá dez filmes em 16mm na Sala Walter da Silveira, com acesso gratuito, incluindo A Mulher Marginalizada, de Tuna Espinheira; A Trapaça (Il Bidone), de Federico Fellini; e Vampiros de Almas (Invasion of the Body Snatchers), de Don Siegel.
Abertura – Para dar início à maratona de filmes, em 30 de outubro, o público poderá escolher entre A Vida Invisível, de Karim Aïnouz; e Meu Amigo Fela, de Joel Zito Araújo, que serão exibidos gratuitamente. O primeiro foi premiado em Cannes e escolhido para representar o Brasil na disputa para concorrer ao Oscar de Melhor Filme Internacional; o segundo destrincha a vida e a arte do músico nigeriano Fela Kuti.

Após o término das sessões, que serão seguidas de debate com integrantes das equipes dos longas, a cantora Okwei Odili, nigeriana radicada em Salvador, fará um show com músicas de Meu Amigo Fela e canções do seu próprio repertório.

Para fechar a programação, na noite de 6 de novembro, o Panorama exibe Longe do Paraíso, que marca o retorno de Orlando Senna após quase 16 anos sem dirigir filmes. O longa é ambientado na Chapada Diamantina e mostra um pistoleiro diante do dilema de escolher entre salvar a própria vida e matar sua amada irmã.

Reunindo um total de dez longas e 19 curtas, o Panorama Brasil exibirá filmes inéditos na Bahia, como Dorival Caymmi – Um Homem de Afetos, de Daniela Broitman; Fakir, de Helena Ignez; O Outro Lado da Memória, de André Luiz Oliveira; e Tragam-me a Cabeça de Carmem M., de Felipe Bragança e Catarina Wallenstein.

Os Panoramas Alemão e Português trazem a Salvador produções recentes dos dois países. A cineasta alemã Natasha A. Kelly debaterá com o público o longa Milli’s Awakening (Millis Erwachen), que mostra a vivência de oito mulheres negras de diferentes gerações, buscando entender até que ponto a arte pode aliviar a opressão social.

Pensando cinema – Realizadores e amantes do cinema contam também com as oficinas de Crítica Cinematográfica, Figurino e Produção Executiva, além de atividades formativas como a masterclass Financiamento e execução de recursos públicos federais para o audiovisual e os encontros de coprodução com o produtor francês Justin Pechberty, Leonardo Mecchi e Paulo Alcoforado. O papel de incentivador da produção cinematográfica e da reflexão sobre seus processos é reforçado pelos PanLABs de Roteiros e de Montagem.

Fundo de Cultura do Estado da Bahia (FCBA) – Criado em 2005 para incentivar e estimular as produções artístico-culturais baianas, o Fundo de Cultura é gerido pelas Secretarias da Cultura e da Fazenda. O mecanismo custeia, total ou parcialmente, projetos estritamente culturais de iniciativa de pessoas físicas ou jurídicas de direito público ou privado. Os projetos financiados pelo Fundo de Cultura são, preferencialmente, aqueles que apesar da importância do seu significado, sejam de baixo apelo mercadológico, o que dificulta a obtenção de patrocínio junto à iniciativa privada. O FCBA está estruturado em 4 (quatro) linhas de apoio, modelo de referência para outros estados da federação: Ações Continuadas de Instituições Culturais sem fins lucrativos; Eventos Culturais Calendarizados; Mobilidade Cultural e Editais Setoriais. Para mais informações, acesse: www.cultura.ba.gov.br

XV Panorama Internacional Coisa de Cinema

Quando: 30 de outubro a 6 de novembro

Onde: Salvador: Espaço Itaú de Cinema – Glauber Rocha e Sala Walter da Silveira Cachoeira: Cine Theatro Cachoeirano

Preço: Espaço Itaú de Cinema: R$ 14,00 (inteira)/ R$ 7,00 (meia) avulso – R$ 50,00 passaporte com 10 ingressos

Gratuito na Sala Walter da Silveira e no Cine Theatro Cachoeirano

Programação: coisadecinema.com.br/xv-panorama/

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