Lançamento do álbum ‘Ela é Mulher Capoeira’


Fotos: Divulgação/Ipac

Na próxima sexta-feira (19), às 16h, o Centro Cultural Solar Ferrão – equipamento cultural administrado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia, autarquia vinculada à Secretaria de Cultura do Estado – receberá integrantes do Movimento Mulher na Capoeira tem Axé para o lançamento do álbum Ela é Mulher Capoeira, que reúne canções gravadas em estúdio por mulheres capoeiristas da Bahia. O acesso para o evento é gratuito e Solar Ferrão fica na Rua Gregório de Mattos, n°45, no Pelourinho, Centro Histórico de Salvador.

E no sábado, 20/1, acontece na Biblioteca Central dos Barris, às 17h, o evento Receptivo com o Grupo Mesa de Ogãs, com o Hino da Bahia, interpretado pelas Karapaças, a fala institucional, o reconhecimento aos parceiros e parceiras;fala e apresentação das intérpretes do Álbum Musical “Ela é Mulher”, com rodada de Capoeira e Intervenção Cultural.

Patrimonializada como Bem Cultural Imaterial pelo IPAC em 2006 através do Decreto 10.178/2006 que posteriormente foi retificado pelo Decreto 11.631/2009, a Capoeira é uma expressão cultural que ao longo dos anos tem sido majoritariamente liderada por homens. No entanto, esse cenário está mudado gradativamente e as mulheres tornam-se cada vez mais protagonistas nessa prática, que foi uma das formas de resistência criada pelos negros trazidos forçadamente para o Brasil e escravizados.

“A Capoeira é uma arte, uma cultura, trazida da África para o Brasil pelos povos escravizados, sendo depois fortalecida com outras contribuições, sendo desenvolvida como forma de identidade, de afirmação e de resistência aos opressores escravocratas”, comenta a diretora geral do IPAC, a historiadora Luciana Mandelli. Após a libertação dos escravizados a Capoeira passou a ser perseguida pelos detentores do poder político, chegando a se tornar contravenção, reprimida pela polícia desde o início do século XIX. “Hoje, segundo o Ministério da Cultura (MinC) a Capoeira é um dos bens culturais brasileiros mais difundidos no mundo e para além da memória temos a obrigação institucional de abrigar e estimular essas políticas públicas de reparação e inserção como fazemos agora no Solar Ferrão”, conclui Luciana.

MÚSICA e PRODUÇÃO – As 23 faixas que compõem o álbum são letras escritas pelas capoeiristas classificadas no Festival de Música Maria Felipa. O Festival, idealizado pela coordenação do Movimento, foi realizado com o apoio financeiro do IPAC, assim como a gravação do álbum. Foram investidos quase R$ 100 mil para que esse projeto de empoderamento da mulher capoeirista pudesse ser realizado.  O projeto também conta com o apoio do Movimento Cultural Viva Irará e do Conselho Gestor da Salvaguarda da Capoeira da Bahia, no qual o IPAC possui cadeira.

As músicas foram majoritariamente escritas por mulheres (21 delas) e toda a produção do álbum feita por elas. No Solar Ferrão, a programação do lançamento inclui uma roda de conversa com cerca de 20 mestras de capoeira, seguida por uma roda de capoeira. “Esse lançamento é um momento único para as mulheres na Bahia, já que é o 1º álbum de mulheres capoeiristas lançado no Estado”, pontua Olívia Silva, umas das fundadoras do movimento.

DEOCOLONIZAÇÃO – Adotando a pauta da decolonização, o Centro Cultural Solar Ferrão é um espaço em que a história da Bahia e da Diáspora Africana têm sido contada através dos acervos e das escolhas dos parceiros que também contam essa história através da arte. Receber o Movimento de mulheres capoeiristas que em sua maioria são pretas, oriundas das áreas de periferia e de Quilombos só reforça o compromisso com a Política de Reparação Histórica do Estado. Decolonialidade ou pensamento decolonial é uma escola de pensamento que objetiva libertar a produção de conhecimento da epistemologia eurocêntrica, realizando uma crítica a universalidade atribuída ao conhecimento ocidental e ao predomínio da cultura ocidental, principalmente ao eurocentrismo.

Para a diretora do Solar Ferrão, Adriana Cravo, as perspectivas decoloniais se contrapõem à hegemonia do imperialismo ocidental. “Decolonialidade é buscar outros centros que não só a Europa ou o Ocidente, seja na ciência, na política ou na cultura, como forma de pensar e reafirmar outros modos de existir no mundo colonizado pelo padrão eurocêntrico, antropocêntrico ou cristão”, explica Adriana. Mais informações sobre o Solar Ferrão e o IPAC através do site www.ipac.ba.gov.br e pelo perfil do instagram @ipac.ba.

Programação:

19/01 (sexta-feira)

Local: Solar Ferrão – Pelourinho

16h – Roda de conversa com as mestras de capoeira “Eu conto a minha história”

17h30 – Roda de Capoeira das Mestras

19h – Intervenção cultural de Encerramento e Ajeum
20/1 (sábado)

Local: Biblioteca Central dos Barris

17h – Receptivo com o Grupo Mesa de Ogãs

17h40 – Hino da Bahia, interpretado pelas Karapaças

18h – Fala institucional

18h35 – Reconhecimento aos parceiros e parceiras

19h – Fala e apresentação das intérpretes do Álbum Musical “Ela é Mulher

Capoeira

20h30 – Intervenção Cultural

21h – Encerramento

Serviço:

O quê: Lançamento do álbum “ Ela é Mulher Capoeira”

Quando: 19 de janeiro, 16 horas e dia 21, às 17horas

Onde: Centro Cultural Solar Ferrão, Rua Gregório de Mattos, 45 – Pelourinho, Salvador (BA) e Biblioteca Central, Rua. General Labatut, 27 – Barris

Entrada: gratuita

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