Cachoeira sediará I Encontro Nacional de Educação Museal


Foto Caique Fialho/Divulgação

A educação museal ainda não é um tema popular no Brasil, mas deveria ser e estar presente na vida cotidiana. É isto que pretende a Política Nacional de Educação Museal (PNEM): fortalecer este campo e garantir condições para a realização de práticas educacionais nos museus do país, beneficiando toda a sociedade de forma ampla, inclusiva, diversa e participativa.

O I Encontro Nacional de Educação Museal (EMUSE), que será realizado nos dias 6, 7 e 8 de julho, na cidade de Cachoeira, no Recôncavo da Bahia, vem para encarar este desafio: debater a PNEM e as estratégias para a sua efetiva implementação nos âmbitos federal, estadual e municipal, reunindo trabalhadores, estudantes, pesquisadores, instituições e demais interessados da área junto a mais de 100 profissionais convidados.

A programação, totalmente gratuita, terá apresentações de trabalhos, mesas de debate, encontros de redes, grupos de trabalho, minicurso e atividades culturais. Todas as informações e formulário de inscrição estão em www.emusemuseus.org.

Realizado pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) em cooperação com o Observatório da Economia Criativa da Bahia (OBEC), através de convênio com a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e a Universidade Federal da Bahia (UFBA), o EMUSE se concentra no Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL/UFRB), além de ocupar a Estação Ferroviária de Cachoeira, o Espaço Cultural Hansen Bahia e espaços culturais e públicos da cidade.

Foto Caique Fialho/Divulgação

A união do Ibram com o OBEC nesta iniciativa se desdobra de outro projeto conjunto: a PEM Brasil – Pesquisa Nacional de Práticas Educativas dos Museus Brasileiros. Desenvolvida durante o ano de 2022, a pesquisa produziu informações para subsidiar a efetivação e a avaliação da PNEM e também servirá de base para as discussões do EMUSE.

Ainda serão destacados temas como o papel da educação museal na promoção da cidadania e iniciativas que dialogam com grupos sociais minorizados e que representem a diversidade social e cultural brasileira. A proposta é promover a participação social concreta, com opiniões, experiências e origens diversas para um debate extenso, qualificado e comprometido com resultados.

A escolha da cidade-sede da primeira edição do evento também é propositada: o EMUSE acontece em meio à temporada de celebrações do Bicentenário da Independência do Brasil na Bahia, no local onde as lutas populares se iniciaram, afirmando o compromisso com a diversidade de memórias, patrimônios e histórias na educação museal.

PROGRAMAÇÃO – O EMUSE começa, no dia 6, das 9h às 12h, com o minicurso “Educação museal: conceitos básicos e práticas em educação museal”, ministrado pelas educadoras museais Andréa Costa e Ruth Vaz: um convite para a rede de educação básica da região, para ampliar suas práticas, compartilhar suas experiências e recursos na educação local e, a partir de experiências educativas em museus brasileiros, desenvolver a aplicação da educação museal na prática escolar.

Oficina de grafite para crianças na exposição Entre Cores e Utopias, Museu Vivo da Memória Candanga, Brasília, DF, 2019. Foto Ana Cecília Paranaguá/Divulgação

Em paralelo, ainda na manhã do dia 6, compartilhando conhecimentos deste universo vasto de ação e reflexão, serão formadas seis mesas de apresentação de um total de 44 trabalhos selecionados de todo o país: artigos, teses, dissertações e relatos de experiência, divididos em “Perspectivas teóricas, epistemológicas e metodológicas do campo da educação museal”, “Educação museal, ciências e tecnologias”, “Parcerias e relações comunitárias”, “Patrimônios, territórios e comunidades”, “Experiências acessíveis” e “Gestão das práticas educativas”.

Às 14h, uma mesa institucional marca oficialmente a abertura do evento, com representantes do Ministério da Cultura (MinC), Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA), Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e Observatório de Economia Criativa da Bahia (OBEC).

Na ocasião, será feita homenagem à Professora Dra. Maria Célia Teixeira Moura Santos, museóloga e educadora, referência da educação museal no Brasil. Em seguida, haverá uma mesa ampla sobre “Políticas públicas nacionais: experiências exitosas e perspectivas de construção de um programa Nacional de Educação Museal”.

Os participantes poderão escolher entre uma das três atividades que se iniciam às 16h: a mesa “Políticas públicas de fomento ao campo da museologia social”, o encontro das Redes de Educadores em Museus (REMs) e o encontro do GT Educação Museal, instituído em 2021, com representantes de todas as equipes das áreas educativas das 31 unidades museológicas do Ibram.

Portinari para Todos, MIS Experience, SP, 2022 . Foto Dalva de Paula/Divulgação

No dia 7 pela manhã, será lançada e debatida a PEM Brasil – Pesquisa Nacional de Práticas Educativas dos Museus Brasileiros. Dentre os principais dados obtidos por ela, está o fato de que prática educativa nos museus brasileiros é bastante presente, mas pouco institucionalizada: 90% dos museus oferecem atividades educativas, mas apenas 34% possuem um setor educativo formalizado. Além disso, a educação museal ainda privilegia o formato de visitas guiadas para público estudantil, o orçamento é insuficiente, há escassez de profissionais e infraestrutura.

Metade dos museus raramente ou nunca contam com a participação de comunidades no desenvolvimento de atividades educativas. A PEM Brasil, por fim, confirma como é imprescindível a valorização dos profissionais da educação museal nos âmbitos financeiro e institucional, além de atenção à diversidade no campo.

À tarde da sexta-feira, serão montados quatro grupos de trabalho com diferentes recortes temáticos para revisão da PNEM. Em paralelo, durante todo o dia, ocorrerá um grande aprofundamento sobre o Programa Pontos de Memória, com um grupo de trabalho que funcionará como uma pré-Teia Nacional da Memória, a ser realizada em 2024.

Às 19h, a sessão especial: “Reflexões sobre o Bicentenário da Independência do Brasil na Bahia: visibilizar outras narrativas sobre a história e a identidade brasileira” receberá cinco mulheres que constroem pontos de vista sobre a emancipação do país: Any Manuela Freitas, sambadeira e especialista em Políticas e Gestão Cultural; Daiara Tukano, do povo indígena Tukano, artista, ativista, educadora, comunicadora e pesquisadora do direito à memória e à verdade dos povos indígenas.

Dona Dalva Damiana .Foto Any Manuela Freitas/Divulgação

Dona Dalva Damiana, sambadeira, integrante da Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, doutora honoris causa pela UFRB, que, aos 95 anos, é símbolo da cultura de Cachoeira; Renata Bittencourt, gestora cultural, historiadora da arte que investiga a representação do negro e responsável pela área de Educação do Instituto Moreira Salles (IMS); e Wlamyra Albuquerque, professora do departamento de História e do Programa de Pós-Graduação em História da UFBA, que investiga a construção de fronteiras sociorraciais e delimitação de direitos na sociedade brasileira durante o processo abolicionista e no pós-abolição.

A mediação será de Georgina Gonçalves dos Santos, mestre em Educação e doutora em Ciências da Educação, professora da UFRB.

A noite de sexta-feira se fecha com apresentação do Samba de Roda de Dona Dalva, também conhecido como Samba Suerdieck, um dos mais belos e tradicionais dos Sambas de Roda do Recôncavo Baiano, Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil (IPHAN-2004), Obra Prima do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade (UNESCO-2005) e Patrimônio Cultural da Bahia (IPAC-2020).

O último dia se inicia com a roda de conversa “Instâncias de representação: participação social na realização das políticas públicas para a educação museal e para a museologia social”, seguida de plenária final. À tarde, um encontro do Sistema Estadual de Museus da Bahia será uma reunião preparatória para o V Encontro Baiano de Museus.

Fechando a grade de atividades, os participantes vão fazer visitas guiadas a espaços culturais de Cachoeira – Casa do Samba de Roda de Dona Dalva, Casa de Barro, Irmandade da Boa Morte, Hansen Bahia – e assistir ao espetáculo “O Museu É a Rua”, do Grupo de Arte Popular A Pombagem. Apresentada em espaço público, a performance defende o museu que acontece para além dos muros dos edifícios museais, questionando o paradigma museológico tradicional e apresentando o referencial afro-diaspórico como uma proposta de museu de rua.

I Encontro Nacional de Educação Museal (EMUSE)

Quando: 6, 7 e 8 de julho de 2023 (quinta a sábado)

Onde: Cachoeira/Bahia

Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL/UFRB), Estação Ferroviária de Cachoeira, Espaço Cultural Hansen Bahia e espaços culturais e públicos da cidade

Quanto: Gratuito

Inscrições e informações: www.emusemuseus.org

Siga: www.instagram.com/emuse.museus

Fotos de divulgação: https://bit.ly/emuse

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