Artista popular que costumava vender suas obras nos arcos da Igreja do Bonfim, o pintor Indiano Carioca cria coloridas telas sobre madeira, com símbolos abstratos, de beleza expressiva. Muitos destes quadros foram adquiridos pelo Acervo da Laje, de cuja coleção a curadora alemã Ruth Noack, em parceria com o paulista radicado na Bahia Felix Toro, fez uma seleção a ser exposta no Coaty, em mostra que será aberta no dia 19 de março (domingo), das 15h às 18h, com entrada franca. O projeto é uma correalização do Goethe-Institut Salvador-Bahia, que está acolhendo Noack como participante do seu Programa de Residência Artística Vila Sul, com o próprio Acervo da Laje e com apoio da Fundação Gregório de Mattos, que insere o evento na programação oficial do Aniversário de Salvador. Em mais quatro datas, sempre às 16h, haverá visitas agendadas para grupos de até 20 pessoas: 22, 28 e 30 de março e por fim em 1º de abril.
Atualmente residindo em Jauá, Indiano já não produz no mesmo ritmo, mas sempre foi capaz de explicar os sentidos de seus epigramas enigmáticos: uns indicam sua proteção e forças espirituais; outros contêm textos com linguagem particular, unindo o português a elementos pictóricos. Seres encantados, santos, orixás, paisagens e mensagens estão presentes. A milhares de soteropolitanos que fazem do Bonfim, Ribeira, Plataforma e bairros adjacentes o centro de sua cidade, a figura deste senhor é conhecida e seu trabalho integra a rotina. Todo este contexto poderia ser suficiente para sua obra representar a arte popular de Salvador, mas ele é mais que isso: a assinatura autoral de sua criação é de grande solidez e talento.
Os curadores Ruth Noack e Felix Toro montaram a exposição a partir de vivências e pesquisas no Acervo da Laje, núcleo criado e dirigido por José Eduardo Ferreira Santos, reunindo as obras sem pretender transpor os estipulados limites da produção popular e da arte institucionalizada, nem mesmo para oficializar o que é legítimo em si. A escolha do Coaty como local da mostra é simbólica: na Praça Thomé de Souza, entre a Prefeitura e a Igreja da Misericórdia, o espaço, projetado pela arquiteta Lina Bo Bardi na década de 1980 e administrado pela gestão municipal, é também um histórico ambiente comunitário e de contracultura, onde iniciativas independentes e alternativas têm voltado a ser desenvolvidas.
EXPOSIÇÃO INDIANO CARIOCA
Curadoria: Ruth Noack e Felix Toro
Abertura: 19 de março (domingo), 15h às 18h
Visitas agendadas: 22, 28 e 30 de março e 1º de abril, 16h
Agendamento via e-mail: residency@salvadorbahia.goethe.org
Onde: Espaço Coaty (Ladeira da Misericórdia, s/n – Centro)
Quanto: Gratuito
Realização: Goethe-Institut Salvador-Bahia | Acervo da Laje | Fundação Gregório de Mattos