Pianista Amaro Freitas apresenta “Sankofa” no TCA


 

Fotos: Jão Vicente/Divulgação

O pianista Amaro Freitas retorna a Salvador para apresentar o show de seu terceiro álbum, “Sankofa”, lançado em junho do ano passado e incluído em inúmeras listas dentre os melhores de 2021, com importante repercussão nacional e internacional. Ao lado de Jean Elton (baixo) e Hugo Medeiros (bateria), com quem forma o Amaro Freitas Trio desde 2015, o trabalho emprega intrincados padrões rítmicos e variações de compasso como se resignificasse os signos antigos de seus ancestrais, numa busca espiritual por histórias esquecidas, filosofias antigas e figuras inspiradoras do Brasil Negro.

O espetáculo chega à Sala do Coro do Teatro Castro Alves (TCA) no dia 6 de julho (quarta-feira), às 20h, com ingressos já à venda ao preço de R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia). O projeto tem patrocínio de Natura Musical e realização da 78 Rotações Produções e Ministério do Turismo, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

De uma periferia do Recife ao reconhecimento no jazz mundial, Amaro é um desses singulares casos de aclamação da crítica desde seu álbum de estreia: um feito de quem tem a revolução na ponta dos dedos. Em seu caso, fazendo o jazz dançar com frevo, baião, maracatu, coco, ciranda e outras riquezas dos ritmos nordestinos.

Entre suas influências, está também a sua origem nos cantos líricos da igreja evangélica – tudo para criar uma música fundamentalmente contemporânea: “É uma continuação, se conecta com as pessoas hoje e representa o que está acontecendo agora”, afirma Amaro.

Explicando o ímpeto por trás de “Sankofa”, do qual Amaro também assina a produção, ele elucida: “Trabalhei para tentar entender meus ancestrais, meu lugar, minha história como homem negro. A história dos povos originários, das diversas etnias que ocuparam este território, de como somos plurais.

O Brasil não nos disse a verdade sobre o Brasil. A história dos negros antes da escravidão é rica em filosofias antigas. Ao compreender a história e a força de nosso povo, pode-se começar a entender de onde vêm nossos desejos e sonhos”.

“Sankofa” é um símbolo Adinkra – conjunto de símbolos ideográficos dos povos acã, da África Ocidental – que representa um pássaro com a cabeça voltada para trás. Quando se deparou com ele em uma bata à venda em uma feira africana no Harlem, em Nova Iorque – bairro que historicamente foi palco de grandes pianistas do jazz como Thelonius Monk e Art Tatum –, compreendeu a importância do seu significado e fez dele o conceito fundamental para o seu novo álbum.

No roteiro do show, constam “Baquaqua”, que destaca a história raramente contada do africano Mahommah Gardo Baquaqua; a delicada “Vila Bela”, nome de região de quilombo liderado por Tereza de Benguela; “Nascimento”, dedicada a Milton Nascimento; e a alegre “Ayeye”, que significa celebração em iorubá, apresentando um piano vibrante e uma batida de baixo repleta de groove.

Além dos temas de “Sankofa”, o trio também apresenta composições dos dois primeiros discos: “Sangue Negro” (2016) e “Rasif” (2018) – na turnê deste último, Amaro Freitas Amaro se apresentou neste mesmo palco da Sala do Coro do TCA em fevereiro de 2020. Seu primeiro show na capital baiana foi na Sala Principal do TCA, dentro do Festival Radioca, em novembro de 2019.

SOBRE AMARO FREITAS – Influenciado pelo mestre do frevo Capiba, por Moacir Santos, Hermeto Pascoal e Egberto Gismonti, mas também pelas grandes referências do piano jazz, como Thelonious Monk, Keith Jarrett ou Chick Corea, Amaro Freitas, para além do sempre predominante samba jazz, volta-se para a cultura nordestina e traduz frevo, baião, maracatu, ciranda e maxixe para a linguagem do jazz.

Nascido em 1991, o recifense iniciou sua trajetória musical aos 12 anos de idade, sob a instrução do seu pai e líder de banda evangélica. À medida que seu talento se tornava óbvio nos cultos da igreja, o jovem prodígio conquistou uma vaga no Conservatório Pernambucano de Música, no qual se graduou em Produção Fonográfica. Aos 22 anos, dividia os estudos com apresentações em restaurantes, churrascarias e no piano bar Mingus, onde conheceu o baixista Jean Elton e o baterista Hugo Medeiros, parceiros de trio até hoje.

Em 2016, de forma independente, gravou o seu primeiro álbum autoral, “Sangue Negro”, com o qual venceu o Prêmio MIMO Instrumental (2016) e circulou pelo país. Em 2018, assinou contrato com a Far Out Recordings, gravadora londrina, e lançou o segundo álbum: “Rasif”. Através dele, figurou em diversas reviews do mundo, em veículos como Downbeat, All About Jazz e Jazz Magazine. A partir daí, já começou a atuar em festivais e casas de jazz importantes, dentre eles Rio das Ostras Jazz e Blues (RJ), Buenos Aires Jazz Festival (ARG), Ronnie Scott’s (UK), Bari in Jazz e Grado Jazz (Itália), Unterfahrt Jazz Club (Munique), Casa da Música (Porto) e Dizzy’s Jazz Club (Nova Iorque). Em 2019, participou de projeto autoral do cantor Lenine e da Montreux Jazz Academy. Em 2020, colaborou com Milton Nascimento e Criolo no EP “Existe Amor”. Em 2021, já consolidado na cena do jazz nacional, Amaro Freitas lançou “Sankofa”, marcando a trilogia com seus músicos.

Amaro Freitas

Quando: 06 de julho de 2022 (quarta-feira), 20h
Onde: Sala do Coro do Teatro Castro Alves (TCA)
Quanto: R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia)
Vendas: Bilheteria do Teatro Castro Alves ou site e aplicativo Sympla (https://bit.ly/amarofreitas-salvador)
Classificação indicativa: Livre
É terminantemente proibida a entrada após o início da sessão

PROTOCOLOS COVID-19
Para entrar no Complexo do TCA, é exigida a comprovação da vacinação contra a Covid-19, inclusive com a dose de reforço da vacina para todo o público alcançado por esta etapa da Campanha de Imunização. Crianças de 5 a 11 devem ter tomado ao menos a primeira dose da vacina, observado o prazo de agendamento para a segunda dose.
Mais informações em www.tca.ba.gov.br/oteatro/covid19


Espetáculo infantojuvenil “A Casa Encantada” 


Fotos : Amanda Chung

Música, poesia, arte circense e reflexões sobre identidade e direito das crianças e adolescentes dão o tom do espetáculo infantojuvenil “A Casa Encantada” que estreia dia 18 de junho (sábado), às 16h na Sala do Coro do Teatro Castro Alves e conta com sessão extra dia 19 de junho (domingo), uma realização do Selo Calu Brincante, encenada pelo grupo de Teatro Bonde da Calu. Os ingressos custam R$ 10 (inteira) R$ 5 (meia). Mais informações podem ser acompanhadas em @calubrincante.

A peça faz uma homenagem ao circo e as brincadeiras de infância mostrando de forma divertida e simbólica a importância de cada um se reconhecer nos pequenos detalhes do mundo e na construção de suas identidades e representatividades. O texto é assinado por Cássia Valle, Cell Dantas e o Bonde da Calu, trazendo histórias que questionam os direitos à ludicidade e as culturas da infância, para além daqueles que a lei assegura, incluindo os que só muita liberdade, respeito, brincadeiras e conhecimento de suas origens podem garantir.

No palco, o personagem que conduz a história é um Griot, que representa o contador de histórias responsável por apresentar as contribuições da identidade de matriz africana às crianças. “Penso que nossa identidade e representatividade está nos corpos presentes no palco, mas também em diálogos, como quando dois amigos se questionam se os mesmos direitos são dados às crianças pretas”, destaca Cell.

Para criação do espetáculo o grupo passou por processos de imersão e oficinas de musicalização com Cell Dantas, escrita criativa com Cássia Valle, cenário e figurino com a arte educadora Adelina Ribeiro, além de aulas de técnicas circenses no LifeCirco com os professores Elio Garcia e Giovanna Oliveira. Segundo Cássia, a visita aos brinquedos e brincadeiras tradicionais abordadas na peça é uma forma de valorizar a cultura lúdica, promovendo o desenvolvimento físico, psicológico e social tanto das crianças, como de adultos e idosos, aproximando assim diferentes gerações. A iniciativa é apoiada pelo Bando de Teatro Olodum, Life Circo e Moinhos Giro de Arte.

Espetáculo A Casa Encantada

Quando: 18 e 19 de junho

Horário: 16h

Onde: Sala do Coro TCA

Ingressos: R$ 10 (inteira) R$ 5 (meia)

Vendas: Bilheteria do TCA

Classificação: Livre

Informações: 71 9185-3028 ou 71 98727-6191

Acompanhe em: @calubrincante

FICHA TÉCNICA

Direção Geral – Cassia valle

Codireção – Leno Sacramento e Cell Dantas

Assistente de direção e coordenadora de produção – Kell Nogueira

Produção executiva – Kely Ribeiro

Núcleo de Produção – Lucila Laura, Amanda Certinho e Denise Da Silva

Cenário – Leno Sacramento e Adelina Ribeiro

Maquiagem – Guilherme Hunder

Adereços – Domicilia Pereira

Figurino/Arte – Educadora- Adelina Ribeiro

Engenheiro de som – Jeferson Souza

Coreografia/ movimentação – Ednaldo Muniz

Texto Cássia Valle,Cell Dantas e Bonde da Calu

Elenco:

Amanda Cervilho

Aya Dantas

Clara Cardoso

Danilo Cerqueira

Kely Ribeiro

Lucila Laura

Naira da Hora

Pedro zaki

Pietra Gomes

Taciano Rocha

Músicos:

Cell Dantas

Daniel Vieira ( Nine)

Shirlei Silva

Welber Crêw

Apoio:

LefiCirco

Moinhos Giros de Arte

Bando de Teatro Olodum


Espetáculo premiado “O Salto” nos palcos de Mucugê e Souto Soares


Yuri Zalcbergas

A encenação é protagonizada pela artista do Vale do Capão, Ninha, que recebeu o troféu de atriz revelação do Braskem de Teatro.

A aramista, performer e atriz Ninha Almeida, mal chegou no Vale do Capão, trazendo na mala o troféu de atriz revelação 28o Braskem de Teatro e já se prepara para colocar o pé na estrada novamente, ela apresenta nos dias 03 e 04 de junho em Mucugê e nos dias 10 e 11 em Souto Soares, ambas cidades da Chapada Diamantina.

Esses são os primeiros espetáculos após a premiação das Artes Cênicas da Bahia que rendeu para a artista muitas entrevistas para jornais, sites, rádios e televisões. As apresentações vão ser do jeito que a artista gosta: em praça pública.

“Volto pra casa num estado de poesia latente, por ter meu trabalho reconhecido a nível estadual, um sonho que se tornou realidade. Sigo agora, no fluxo de apresentação em Mucugê e Souto Soares num sentimento de puro pertencimento, de compromisso com a essência chapadeira. Peço a benção aos mais velhos e aos mais novos para chegar. De pé no chão pra pé no chão” diz Ninha.

Essa é a quarta premiação do espetáculo, que além do Braskem, recebeu também no ano passado [“Prêmio Quali Cult” (2021), “FUNARTE – Estímulo ao Circo” (2021) e “Festival de Teatro Solos da Bahia” (2021)].

Sobre o Espetáculo – O Salto é uma encenação autobiográfica livremente inspirada no Vale do Capão, Chapada Diamantina, cenário da infância de Ninha, despertando memórias suas de uma vida simples e rural. A peça usa elementos de outras artes para as composições cênicas, estabelecendo interação com a música, teatro, dança e tendo como técnica circense principal o equilíbrio em arame.

Temáticas como empoderamento feminino e a questão dos resíduos (lixo) são abordadas tornando a temática atemporal. Este solo foi criado após a artista ter passado por uma especialização na Escola de circo L’Academie Fratelinni, em Paris, França, financiada pela Secult-Ba através do Edital Mobilidade Artística 2019.

A trilha sonora do espetáculo é composta pelo diretor musical Ari Vinícius, músico residente no Vale do Capão e ainda conta com participações especiais dos músicos Rowney Scott, Ivan Sacerdote, Cassio Nobre, Rodrigo Sestrem, Estevam Dantas, Arian Pinho, Maurício Sprovieri, Tiago Gusmão e Thiago Riedel.

Sobre a artista – Ninha Almeida, nascida e criada no Vale do Capão, foi formada e educada no Circo do Capão. Foi através da arte que a artista encontrou a forma de se mostrar, de se expressar e de abrir para o mundo. “O que me move no picadeiro é o improviso da técnica com uma música aprazível ao meu corpo” explica Ninha.

A performer passou por cursos com artistas conceituados da França como Isabelle Brisset, Agniès, Sacha Doubrovski e Sanja Konsonem. Atualmente, seu orientador é Jean Paul Galinski. Além disso, participou da 3ª Convenção de Fio na França, com a conceituada Companhia Le Colporteurs. Na Chapada Diamantina, participou de variados projetos, ganhando atual destaque à frente do espetáculo autobiográfico “O Salto”. Além do picadeiro, Ninha oferece formação continuada de artes circenses para crianças e jovens.

Apresentação: Espetáculo “O Salto”;

Quando e Onde: 3 e 4 de junho em Mucugê; 10 e 11 Souto Soares.

Entrada: aberta ao público.

Classificação: livre

Duração: 34min

Redes Socias: www.instagram.com/osaltoespetaculo

 


Ingressos à venda para ópera “Flauta Mágica”, de Mozart


Aldo Brizzi /Divulgação

O Núcleo de Ópera da Bahia – NOP, abriu a pré-venda de ingressos para a ópera “Flauta Mágica”, de W.A. Mozart, que será encenada nos dias 14, 15, 16, 18 e 19 de julho, no Teatro do Colégio Mercês, a nova casa da música lírica na Bahia.A pré-venda auxiliará na produção do espetáculo, que terá versão em português, com direção de Aldo Brizzi e contará com a parceria do Laboratório de Ópera da UFBA e o Coro Juvenil do NEOJIBA.

Os ingressos para a “Flauta Mágica” já estão à venda pelo Pix: [email protected] (Com Arte Produções Artísticas) com valores de R$ 40,00 (inteira) / R$ 20,00 (meia).

Temporada 2022 – Abrindo a temporada de espetáculos de 2022, no dia 13 de junho, às 19h, o Núcleo de Ópera da Bahia realizará o Concerto de Lançamento do CD “Oratório de Santo Antônio” que já está disponível nas plataformas digitais, marcando a volta do NOP aos palcos de Salvador. Ingressos colaborativos no dia do evento.

Para 2023, nos dias 1, 3, 4, 6 de fevereiro, já está programada a encenação da ópera “Jelin”, de Aldo Brizzi e Bruno Masi.

Para esta temporada o NOP firmou duas importantes e valiosas parcerias : com o Laboratório de Ópera Da UFBA, idealizado e coordenado pela Prof. Dra. Flavia Albano e com o Coro Juvenil do NEOJIBA.

Garanta o melhor lugar sendo um AMIGO DO NOP

Para mais informações e dúvidas, basta entrar em contato pelo: Fone (71) 99128-0207/ (11) 94541-7766 ou pelo e-mail [email protected]


Filme Pureza, com Dira Paes, estreia dia 19 de maio


Divulgação

Inspirado em uma história real, filme dirigido por Renato Barbieri retrata a saga de uma mãe que desafiou fazendeiros e jagunços para resgatar o filho da escravidão contemporânea na Amazônia brasileira
Vencedor de 28 prêmios nacionais e internacionais, o longa “Pureza”, protagonizado por Dira Paes, estreia em todo o Brasil no dia 19 de maio. Dirigido por Renato Barbieri e produzido por Marcus Ligocki Jr, o filme é inspirado na história real de Dona Pureza, uma mãe brasileira que, durante três anos, desafiou todos os perigos para encontrar seu filho e se tornou um símbolo do combate ao trabalho escravo contemporâneo.

Sua trajetória de luta foi reconhecida internacionalmente e, assim, em 1997, recebeu em Londres o Prêmio Antiescravidão oferecido pela organização não-governamental britânica Anti-Slavery International, a mais antiga organização abolicionista em atividade.

O filme “Pureza” emociona e chama atenção para uma das causas mais importantes no Brasil e no mundo: a erradicação do trabalho escravo contemporâneo. É um filme de impacto que pretende criar o ambiente propício para a sensibilização e conscientização da sociedade brasileira para essa realidade no País, conclamando a sociedade brasileira a engajar-se pela definitiva erradicação do trabalho escravo contemporâneo e a promoção do trabalho digno no Brasil.
“Pureza tem carga de realidade suficiente para despertar a sociedade brasileira para a tragédia do trabalho escravo contemporâneo e ainda atuar de forma preventiva para essa situação. Quando um trabalhador comum assiste este filme, ele entende a mecânica do trabalho escravo, como acontece o aliciamento, por que seus documentos são confiscados.

Estamos fazendo sessões em regiões vulneráveis para aumentar a consciência do país sobre esse gravíssimo
problema que afeta a dignidade humana. É necessário abrir os olhos e o coração da sociedade brasileira para o trabalho escravo. Precisamos virar essa página dramática de nossa História”, diz Renato Barbieri, diretor do filme

O longa-metragem é um filme ficcional com um processo inédito de engajamento social desde sua viabilização, que conta, até agora, com a participação de mais de 85 organizações atuantes na causa. É uma produção de Gaya Filmes e Ligocki Entretenimento, com direção de Renato Barbieri, produção de Marcus Ligocki Jr., distribuição da DownTown e Paris Filmes e o protagonismo da grande atriz Dira Paes como Pureza.
Sobre Dona Pureza

A atriz Dira Paes e Dona Pureza. Divulçgação

Pureza Lopes Loyola nasceu em Presidente Juscelino, município a 85 km de São Luís, e se mudou para Bacabal, a 240 km da capital, onde o marido tinha parentes. Com o fim do casamento, a sobrevivência passou a depender da olaria e da venda de tijolos na qual trabalhava ombro a ombro com seus cinco filhos. Evangélica, alfabetizou-se aos 40 anos com o objetivo de ler a Bíblia.

Em 1993, depois de meses sem notícias do filho caçula,

Antônio Abel, que partira em busca da sorte no garimpo, Pureza decidiu seguir seu rastro. Com a roupa do corpo e munida de uma bolsa, sua Bíblia e uma foto de Abel, Pureza estava decidida a encontrá-lo vivo ou morto. Sabia apenas que ele tinha ido ao Pará.

Em sua busca determinada por Abel, Pureza visita fazendas e descobre um perverso sistema de aliciamento e escravidão de trabalhadores “contratados” para derrubar grandes extensões de mata nativa a fim de converter a área em pastagem para o gado. De fazenda em fazenda, Pureza conheceu de perto o drama dos peões, tornando-se amiga e confidente de muitos trabalhadores. Conheceu por dentro o sistema pelo qual os empregadores confiscavam documentos de identidade dos empregados e tornavam-nos totalmente dependentes dos encarregados para obter roupa, comida e produtos básicos. Ouviu relatos dramáticos de trabalhadores que poderiam ser mortos se tentassem se rebelar ou fugir.

Com a ajuda da Comissão Pastoral da Terra — a CPT, Pureza entrou em contato com o Ministério do Trabalho e o Ministério Público do Trabalho no Maranhão, no Pará e em Brasília. Chegou a escrever cartas para três presidentes da República: Fernando Collor, Itamar Franco (o único que lhe respondeu) e Fernando Henrique Cardoso. Até hoje, ela guarda uma cópia de cada uma dessas cartas.

A batalha de Pureza para encontrar Abel deu impulso decisivo à criação, em 1995, do Grupo Especial Móvel de Fiscalização, que uniu auditores-fiscais do trabalho, policiais federais e procuradores do trabalho para viabilizar o cumprimento da lei e a observância de direitos trabalhistas em todo o território nacional. Em 1997, Pureza recebeu em Londres o Prêmio

Anti-Escravidão da Anti-Slavery International, a mais antiga organização de combate ao trabalho escravo em atividade no mundo.

Hoje, Abel vive em Bacabal com Pureza e a família. Entre 1995 e 2021, o Grupo Móvel libertou mais de 57 mil trabalhadores em condições análogas à escravidão. Em 2018, segundo estimativas da Walk Free Foundation, 369 mil pessoas foram submetidas à escravidão no Brasil. No mesmo ano, segundo a OIT, 40,3 milhões de pessoas foram submetidas à escravidão no mundo. A política de combate ao trabalho escravo no Brasil se tornou referência mundial. Atualmente, o combate ao trabalho escravo enfrenta retrocesso no atual governo federal e no Congresso.

Filme: Pureza

Estreia Nacional: 19/05/22
Instagram: @purezaofilme

Twitter: @purezaofilme

Site oficial

PUREZA – Trailer Oficial