
Clarindo Silva, ícone da cultura baiana, proprietário do Espaço Cultural e Restaurante Cantina da Lua, no Pelourinho, será Zumbi dos Palmares
O Largo do Pelourinho será palco de uma celebração histórica e emocionante no Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, com o cortejo “Pérolas da Consciência Negra”, realizado pelo Grupo Eterna Juventude, formado por idosos da Casa da Cultura do Idoso. O evento celebra 25 anos de resistência, arte e valorização da pessoa idosa, reafirmando o compromisso do grupo com a promoção da cultura, da arte e do lazer como direitos assegurados por lei.
Este ano, a homenagem ganha um brilho especial: o ilustre Clarindo Silva, ícone da cultura baiana e guardião da memória do Pelourinho, desfilará representando Zumbi dos Palmares, símbolo maior da luta e da liberdade do povo negro. Clarindo virá majestoso sobre um navio negreiro cenográfico de cinco metros de comprimento, transformado em pódio de resistência e glória. Ao redor da embarcação, 280 idosos — homens e mulheres negros — desfilarão vestidos de becas e trajes africanos, exaltando a força da educação e das profissões conquistadas ao longo da história.

O cortejo começa com concentração às 9h, no Largo Quincas Berro D’Água, com saída às 10h, conduzido pela contagiante Charanga do Bira, composta por 50 músicos de percussão e sopro. A trilha sonora será uma celebração à ancestralidade, com o hino da África abrindo o cortejo e, em seguida, músicas que exaltam a existência, a luta e a alegria do povo negro, sob a voz marcante do cantor Negro Léo, convidado especial do evento.
Ao retornar, os participantes serão recebidos com um almoço festivo, embalado pelo som dos tambores e por mais música afro-brasileira, reafirmando que envelhecer com dignidade, arte e alegria é um ato de resistência.

O manto de Clarindo, confeccionado pelo artista plástico e gestor cultural Joaquim Assis dos Santos, é uma obra de arte à parte: feito de veludo branco, flores em fuxico e búzios, representa pureza, sabedoria e conexão com os ancestrais.
Em um momento simbólico, o cortejo também celebra o primeiro ano em que o 20 de novembro é oficialmente reconhecido como feriado nacional, um marco histórico para o Brasil e, em especial, para a Bahia — o território fora da África com a maior concentração de descendentes africanos no mundo.
Com apoio do CCPI – Centro de Culturas Populares e Identitárias, da Secult-BA, o Grupo Eterna Juventude renova sua missão de “conscientizar a nação sobre a responsabilidade de promover arte, cultura e lazer para a pessoa idosa”.
No Pelourinho, o mar de veludo, becas e tambores anunciará: Zumbi vive — e com ele, a força da ancestralidade, da cultura e da eterna juventude.



