
O Vila Velha planejou uma ocupação de seus espaços durante a Copa do Mundo de Futebol o Vila na Copa e Cozinha, mas com vasta programação de arte que acontece de 14 de junho a 15 de julho unindo esporte, culinária e diferentes expressões artísticas, numa programação vibrante e diversificada.
Espetáculos de Arte
Projeto K Cena – Criado em 2012, o núcleo de encenadores do “K Cena – Projeto Lusófono de Teatro” é formado por Graeme Pulleyn e Paulo Miranda (Portugal), João Branco (Cabo Verde), Marcio Meirelles e Chica Carelli (Brasil), diretora que será responsável pela montagem de “Temporal”, peça escrita pelos portugueses Gabriel Gomes e Sofia Moura, pelo brasileiro Rafael Medrado e pela cabo-verdiana Lisa Reis, sob o título “Tempostade”.
“O texto é uma reflexão sobre a humanidade e sua relação com o tempo. Como projetamos o que virá, com base em nossas experiências, em tudo o que já passou; numa relação dinâmica entre passado, presente e futuro”, comenta o autor Rafael Medrado, acrescentado que “há um foco considerável nas impressões sobre o tempo durante nossa juventude, quando tínhamos menos experiências que na vida adulta. Essas mudanças de expectativa também são importantes para nosso argumento”, conclui. O espetáculo será apresentado nos dias 25 e 26 de Junho, 20h, na sala principal do Teatro Vila Velha.
Esta sétima edição do K Cena dá continuidade aos processos entre esses três pólos de intercâmbio; incluindo nesse novo ciclo soteropolitano participantes de todas as idades, a partir dos 17 anos. Tomando como base um tema, peça ou mote comum, experiências e referências dos grupos locais, são criadas releituras e dramaturgias muito singulares para cada país.
Todas envolvendo pessoas de diferentes realidades e contextos socioculturais, mas ligadas pela língua portuguesa, quarta mais falada do mundo (por 244 milhões de pessoas da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa – CPLP) formada por nove Estados-Membros: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Portugal, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
R$30 (inteira) R$15 (meia)
Sala Principal
Siré Obá – A Festa Do Rei // Vila na Copa e na Cozinha
O espetáculo inspira-se nos orikis (poesia em exaltação aos Orixás) para mostrar a beleza e a filosofia do culto às divindades africanas, tendo como objetivo desmitificar preconceitos e combater a intolerância religiosa. Unindo religião e arte, a peça é uma grande festa/Siré e segue a sequência das músicas cantadas e tocadas para os Orixás nos rituais do Candomblé, celebrando junto com o espectador os feitos dessas divindades.
14 a 16 de Junho
Palco Principal
20H
R$ 30/ R$15
Sessão Extra: 16/06
17 hrs
R$20/ R$10
Classificação etária: Livre
Lugares: 300
Estacionamento: sim
14 a 16/06 // 20 hrs /// Sessão Extra: 16/06 // 17 hrs
R$ 30,00 inteira / R$ 15,00 meia // Extra: R$20/10
Sala Principal
Espelho para Cegos // Vila na Copa e na Cozinha
Na interseção entre a linguagem audiovisual, teatral e a música original de João Meirelles, a segunda edição de “Espelho para Cegos -2ª edição” (montado anteriormente pela universidade Livre de Teatro Vila Velha em 2014) atualiza a investigação sobre os mecanismos de um sistema que faz lavagem cerebral, manipula, silencia, corrói, isola, devora e tira vidas para combater quaisquer ameaças à sua perpetuação.
“O que está no palco é o que vivemos: a cidade vazia, fechada em círculos, pessoas fugindo para outros lugares. Um sistema de forças em decomposição, que leva ao marasmo indolente e à permanência de tudo como está”, reflete o diretor Márcio Meirelles. “Espelho para Cegos” foi o texto escolhido pelo Vila para marcar o retorno do histórico grupo Teatro dos Novos, que sempre se caracterizou por montagens de forte cunho político.
“A originalidade da montagem e a coragem de propor outra coisa, de propor um lado interessante que provoque a imaginação do espectador, que o faz embarcar na história… Porque nessa montagem o ator se sente quase ator, se sente implicado na história, ele é testemunha. Concordo plenamente com a abordagem de Márcio e acredito, como ele, que o teatro pode ser um meio de educação popular, uma terapia social, uma forma de entender o mundo, a complexidade da alma humana, as contradições da sociedade e também a nossa personalidade”, analisa o dramaturgo Matéi Visniec.
29 e 30 de Junho
Palco Principal
20h
R$ 30/ R$15
Classificação etária: 18 anos
Lugares: 300
Estacionamento: sim
En(cruz)ilhada // Vila na Copa e na Cozinha
É uma obra de arte complexa. Sem massagem, a peça monta um painel com diversas formas de morte do povo preto. O enfoque não surpreende quem acompanha a carreira de Leno Sacramento, que é também ator do Bando de Teatro Olodum.
Quem se acostumou a vê-lo em papéis cômicos, nesse trabalho dilacerante, conhecerá uma outra face. Honesta e impactante. Ainda mais desafiadora pelo fato de contar apenas com textos, sons e ruídos em off. São 35 minutos em que ele mixa uma série de personagens sem voz. Como um DJ talentoso que nos conduz de uma música a outra sem pausa nem ruptura rítmica, Leno nos leva de um drama a outro sem linhas de corte.
Esse continuum exasperado só ganha uma pausa para o respiro na cena conduzida por um doce canto em iorubá, único momento de fala direta do ator. Um mergulho na memória da infância e adolescência. Numa espécie de passarela em forma de cruz, ele apresenta seus simulacros de brincadeiras de um tempo bom. Bola de gude, amarelinha, esconde-esconde, pega-pega, condução de arco com vareta, carrinho e o volante do automóvel… Não há dúvida que a peça fala de uma herança coletiva.
Um oásis no painel de aridez racial e racismo escaldante que corta na carne da plateia. A memória como reserva de humanidade. Para além da lembrança do quintal da casa e das ruas do bairro, despertou a África permanente em mim. A plateia pode ser tocada. Através da pedagogia da pedra e um fio do mel da memória, é compelida a refletir na encruza do presente e passado.
Personagens mudas em sala que reverbera diálogos e pensamentos editados por uma sonoplastia que potencializa o caos. Vozes, cochichos, sussurros, latidos, ruídos, armas engatilhadas e ameaças. Muito barulho retratando pessoas silenciadas. O que mais me agrada é não saber classificar o que assisti. Um corajoso experimento de linguagem. Afastamento da zona de conforto. Nem Dionísio nem Apolo. Nem palco nem tablado. Uma montagem encruzilhada. Uma cruz na estrada. Corpo, figurino, expressões, som, luz e público amalgamados num só tecido. Cada pessoa presente denunciada como parte integrante do nosso grande conflito racial.
Nos traços estéticos e código ético de En(cruz)ilhada, vejo a busca de um teatro negro. A palavra “cruz” aparece incrustada na palavra “en(cruz)ilhada”. Encruzilhada, cruz, ilha, ilhada. Polissemia que reveste a peça. Diferentes experiências de vida negra em conflito.
Direção e Atuação: Leno Sacramebto
6 e 7 de Julho
Palco Principal
20h
R$ 30/ R$15
Classificação etária: 16 anos
Lugares: 300
Estacionamento: sim
Balé Jovem – 4 em 1 // Vila Na Copa e na Cozinha
O Balé Jovem traz aos palcos do Vila Velha 4 apresentações dentro da Programação do “Vila na Copa e na Cozinha”. Marcado pelo profundo cunho crítico de seus espetáculos, que refletem sobre a sociedade brasileira e sobre culturas próximas à latina, o Balé Jovem de Salvador apresentará 4 coreografias: O corpo e a cidade, Eleuther, Nos acréscimos e Outras dinâmicas.
13 e 14 de Julho
Palco Principal
20h
R$ 20/ R$10
Classificação etária: Livre
Lugares: 300
Estacionamento: sim