Sarau da Imprensa discute música e baianidade em homenagem a Roberto Albergaria

A Bahia é a terra do Axé Music, dos trios elétricos, do Carnaval, da negritude, dos blocos afro, da alegria e despojamento. A última edição do Sarau da Imprensa vai abordar o tema Música, Baianidade e Lugar da Fala, encontro que também fará um tributo ao saudoso antropólogo Roberto Albergaria – um dos estudiosos que mais contribuiu para a compreensão e estudo da “ontologia baiana”.


Carla visiEvento recebe especialistas e terá show da cantora Carla Visi e banda formada por jornalistas.

Da forma como está hoje constituída, a baianidade é mais que um elemento identitário. Seja no modo de agir ou falar, na obra de Jorge Amado, nas letras de Dorival Caymmi ou na representação divulgada na mídia, o jeito baiano de ser quase personifica a Bahia. A música complementa esse conceito de identidade. A Bahia é a terra do Axé Music, dos trios elétricos, do Carnaval, da negritude, dos blocos afro, da alegria e despojamento. A última edição do Sarau da Imprensa vai abordar o tema Música, Baianidade e Lugar da Fala, encontro que também fará um tributo ao saudoso antropólogo Roberto Albergaria – um dos estudiosos que mais contribuiu para a compreensão e estudo da “ontologia baiana”. O encerramento desta temporada será na quinta-feira (09), às 19h, na Associação Bahiana de Imprensa (ABI), com show especial da cantora e também jornalista Carla Visi e apresentação da Jam-Jor – banda formada por jornalistas convidados. A entrada é gratuita!

Albergaria
Antropólogo Roberto Albergaria

Para abordar todos esses elementos que tornam a baianidade um tema tão rico e difundido pelo mundo, quatro convidados especiais: o diretor de teatro e presidente da Fundação Gregório de Mattos, Fernando Guerreiro; a doutora em Comunicação e especialista em baianidade, Agnes Mariano; o antropólogo especializado em música e festividades baianas, Milton Moura; e o jornalista Franciel Cruz. O mediador do projeto, o jornalista Ernesto Marques, acredita que discursos que envolvem questões de identidade servem a vários usos, inclusive políticos. “Esse conceito do que é ser baiano desperta reações diversas; porém, o baiano ainda é visto na mídia de forma caricata, seja sob o aspecto da preguiça ou da sensualidade. Muitas vezes, a música, a TV, o cinema e a literatura propagam esses estereótipos”, avalia.

A autora do livro A Invenção da Baianidade, Agnes Mariano, busca nas letras de canções, hábitos, práticas e valores que reforçam esse discurso. Em entrevista a Leonardo Campos, ela destaca que a baianidade é um conjunto de ideias difundidas no ambiente cultural. “A ideia de baianidade é muito mais um modelo, uma fonte de inspiração, do que a tradução da realidade concreta. Todas as identidades culturais são apenas isso: ideias. O que não é pouco. Elas unem pessoas, facilitam o diálogo, sintetizam valores importantes. A identidade cultural não explica as nossas qualidades nem os nossos defeitos. A cada instante cada um de nós escolhe como, quando e de que modo deseja se relacionar com essa ideia. Vivemos vários papéis, várias identidades ao mesmo tempo”, pondera.

Carla Visi e Jam-Jor – A atração musical da última edição do Sarau da Imprensa será especial. A cantora baiana Carla Visi fará uma apresentação pensada para o encerramento do projeto, Carla VisiTa o samba da Bahia para o mundo, com Rudnei Monteiro (violão), Citnes Dias (percussão) e Marcos Froes (produção). A produção do evento também aposta em mais uma edição da Jam-Jor, banda formada por jornalistas, conduzida por Rita Tavarez e aberta aos participantes que quiserem cantar ou tocar algum instrumento. A ideia é permitir uma noite de improviso com a mistura de estilos musicais.

Projeto – A última edição do projeto Sarau da Imprensa finaliza neste mês de junho. Com um encontro por mês, sempre às quintas-feiras, o projeto abordou temas contemporâneos diversos, sempre com a participação de especialistas e atrações musicais que dialogaram com os temas abordados. O projeto conta com apoio financeiro do Governo do Estado, por meio do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura da Bahia. Podem participar estudantes, profissionais liberais, classe artística, jornalistas, comunicólogos, intelectuais, formadores de opinião e demais interessados.

Sobre a última edição do projeto, Ernesto Marques destaca os seis meses de intensos debates, sobre temas contemporâneos diversos. “O projeto trouxe para o centro da cidade temas relevantes do cotidiano, debatidos com profundidade e de forma séria. É uma gratificante demonstração de força do pensamento e da atuação cidadã dos baianos. Agradecemos aos participantes e convidados e nos despedimos, com uma tristeza saudosa, das felizes noites mensais de quinta-feira, partilhando conhecimento, fomentando discussões, batendo papo, propiciando diversão e bons momentos àqueles que congraçavam e ocupavam um espaço tão importante para a memória da Bahia, que é a sede da Associação Bahiana de Imprensa”, finaliza.

Sobre os convidados
Agnes Mariano – Jornalista, pesquisadora e professora. É formada em jornalismo, mestre em Comunicação e Cultura Contemporâneas (UFBA) e doutora em Ciências da Comunicação (USP). Trabalhou como repórter na imprensa baiana (Bahia Hoje, Correio da Bahia), escreve para sites, revistas, brochuras e livros (Ministério da Cultura, Revista da Cultura, SESC-SP, Fundação Pierre Verger, entre outros). Desde 1998, tem se dedicado à pesquisa e ao ensino, atuando como professora universitária (UFBA, Unifacs, FSBA, Unijorge, Estácio-FIB). É autora dos livros A invenção da baianidade (Annablume), Gente das Águas (Plus) e Obaràyí (Barabô).

Fernando Guerreiro – Presidente da Fundação Gregório de Mattos desde 2013, Fernando Guerreiro é radialista, produtor e diretor teatral. Também é um dos responsáveis pela popularização e retomada do teatro baiano e descobridor de talentos – no teatro, na televisão e no cinema – a exemplo de Wagner Moura, Vladimir Brichta, Renato Piaba, Victor Broz e Daniel Boaventura. Guerreiro já dirigiu mais de 30 espetáculos, entre eles estão A Bofetada, Os Cafajestes, Boca de Ouro, Calígula e Vixe Maria, Deus e o Diabo na Bahia. Dirigiu também eventos como Troféu Dodô e Osmar, Prêmio Bahia Recall e Prêmio Braskem. É apresentador do programa de rádio Roda Baiana, que vai ao ar pela Rádio Metrópole.

Franciel Cruz – Jornalista de carreira, seu trabalho é voltado para imprensa e responsabilidade social. Apaixonado pelo Esporte Clube Vitória, dedica-se também à escrita de resenhas esportivas. Afiado observador da baianidade, destila, através de sua pena, pérolas do baianismo, da ontologia baiana e da “chibança” – esta última, categoria enclavada entre o folguedo e a esculhambação, e que era defendida a fórceps pelo finado Albergaria.

Milton Moura – Professor associado ao Departamento de História e membro dos programas de Pós-Graduação em História e Cultura e Sociedade, da Ufba. Sua temática de referência corresponde aos estudos sobre festas, como o Carnaval de Salvador e a Festa do Caboclo, em Itaparica. Interessa-se também pela diversidade cultural e contemporaneidade em perspectiva interdisciplinar, buscando uma interface entre Estudos Culturais, Sociologia, História, Música e Literatura. Vem se envolvendo em estudos sobre Cultura e Festa em Cartagena de Índias, no Caribe colombiano. Coordena o Grupo de Pesquisa O Som do Lugar e o Mundo.

Serviço
O Que: Sarau da Imprensa discute Música, Baianidade e Lugar da Fala e realiza tributo ao antropólogo Roberto Albergaria;
Quando: dia 09 de junho de 2016, às 19 horas;
Onde: Sede da Associação Bahiana de Imprensa – ABI (rua Guedes Brito, nº 1, edifício Ranulfo Oliveira, 8º andar, no Centro Histórico de Salvador);
Entrada gratuita!

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