O Projeto João Guisande em Repertório, que traz o espetáculo Foi Por Esse AMOR e o solo Retratos Imorais, chega a última semana de ocupação do Espaço Cultural da Barroquinha, com apresentações nos dias 20 e 21 de abril, às 19h, no Espaço Cultural da Barroquinha, respectivamente.
Em Foi Por Esse AMOR, João Guisande, ator indicado ao Prêmio Braskem de 2018 pelas duas obras, contracena com o próprio pai, Antônio Roque, coronel da polícia militar da Bahia, aposentado, baiano de corpo, alma e coração, e agora ATOR.
O espetáculo a relação entre pai e filho, o amor de ambos pelo carnaval até as dúvidas e medos da infância, juventude e velhice, da rivalidade no futebol – António (Bahia) e João (Vitória) -, as canções que os movem, da vida após aposentadoria ao amor que rege esse encontro, “afinal de contas, não há sonho mais lindo do que vossa terra, não há”.
Marcam presença também na encenação, três “personagens” que migram dos espetáculos “Amnésis” e “Lembranças da Bahia” – espetáculos que Guisande esteve como ator – e funcionam como fios condutores da dramaturgia, são eles: um vendedor de picolé, um artista de rua, e um esquizofrênico.
Trazendo a poética do teatro documentário, pai e filho também são personagens e ainda interpretam familiares. “O espetáculo traz memórias afetivas, revela a minha baianidade através de personagens que fizeram e fazem parte da minha vida familiar e cotidiana”, realça o pai de João Guisande, ao acrescentar que existe vida após a aposentadoria “e vida criativa”.
Já o solo Retratos Imorais – a ser apresentado no domingo (21 de abril) – é inspirado em dois contos do escritor cearense Ronaldo Correia de Brito – Mãe em Fuligem de Candeeiro e Mãe numa Ilha deserta. Edmundo e Marivaldo são as personagens criadas por Ronaldo Correia de Brito e que João Guisande leva a cena. Ambos compartilham em cena uma solidão conhecida por muitos, moradores de ilhas desertas e paisagens de aglomerados.
São dois monólogos em um solo e as personagens são totalmente opostas, “dois homens desconhecidos, diferentes, cada um com a sua história”. Edmundo e Marivaldo se unem pelo fio invisível da poética nos avessos de duas almas, propositadamente abandonadas, no universo do absurdo da solidão humana.
Edmundo, personagem da primeira história, aceitou o “emprego” de faroleiro numa ilha depois de uma desilusão amorosa. Revive o drama da afetividade, da masculinidade, do ser ou não aceito. Põe luz nas trevas, tenta clarear o escuro de si mesmo e dos outros.
Marivaldo é um personagem não-binário e tem uma alma delicada tocada pelas memórias absurdas da mãe. Procura o seu encontro na pintura de retratos em fuligem de candeeiro. “Ambos são invenções, podem ser pressentidos ou imaginados. Ao elaborar seus retratos lhes roubamos a identidade ou os deixamos sem rostos. Reinventamos suas almas. Partilhamos solidões preenchidas por vazios e imagens reinventadas em intervalos poéticos”, explica Guisande.
Ficha Técnica – Retratos Imorais
Direção: Moncho Rodriguez
Texto: Ronaldo Correia de Brito
Interpretação: João Guisande
Cenário e Figurino: Moncho Rodriguez e João Guisande
Iluminação: Allison de Sá
Assessoria de Comunicação: Thèâtre Comunicação – Rafael Brito
Produção: Fernanda Beltrão e João Guisande
Ficha Técnica – Foi Por Esse AMOR – Uma Comédia Familiar
Direção e texto: João Guisande
Interpretação: João Guisande e Antônio Roque
Iluminação: Allison de Sá
Direção musical: Ronei Jorge
Assessoria de Comunicação: Thèâtre Comunicação – Rafael Brito
Produção: Fernanda Beltrão e João Guisande