Samba-reggae e resistência negra feminina marcam Carnaval da Bahia


Divulgação

Quando o Carnaval da Bahia começar, as batidas do tambor vão ecoar fortes, mais uma vez, na avenida. E entre múltiplos ritmos, trios, arranjos, misturas e batuques, típicos da folia momesca, baianos e turistas vão “abrir alas” e se render ao som fascinante, inconfundível, único e, notadamente, percussivo das bandas femininas Didá e A Mulherada. As duas instituições foram selecionadas pelo Edital Carnaval Ouro Negro, projeto do Governo do Estado, através da Secretaria da Promoção da Igualdade Racial (Sepromi) e da Secretaria de Cultura da Bahia (SecultBA).

A Mulherada – Celebrando 18 anos, as percussionistas do Bloco A Mulherada se preparam para sair na quinta-feira (28) de Carnaval com uma novidade: a Ala de Canto formada por duas mulheres. Com o tema “Mistérios da África – as yabás, orixás, mães e rainhas”, o bloco vai percorrer o Circuito Osmar (Campo Grande), a partir das 17h, homenageando as raízes ancestrais das mulheres negras. Yabás são entidades femininas que, nestes desfiles, serão representadas pelas orixás Iansã, Iemanjá, Oxum e Nanã, com decoração do Mini Trio sob o comando das cores azul, vermelha, amarela e lilás, que simbolizam as divindades.

O Bloco A Mulherada nasceu de um projeto social que tem como finalidade a defesa dos direitos da mulher negra a partir de ações de combate à discriminação racial e de gênero e estímulo à autoestima e defesa dos direitos civis destas mulheres.  As mulheres que embalam as diversas alas são oriundas de oficinas de capacitação realizadas pelo próprio bloco ao longo do ano.

Ao todo serão 60 percussionistas, 30 baianas, 40 rainhas afro, 30 mulheres compondo a Ala Feminista, além de carro alegórico em homenagem às YABÁS, e um conjunto de 100 dançarinas. O desfile das mulheres será aberto com coreografia das ginastas do Grupo G.R., seguidas das Alas das Baianas, Ala Yabás, Orixás, Mães e Rainhas, a Ala Yabás Contemporâneas, composta por jovens e mulheres negras oriundas das comunidades do Pelourinho.

Haverá ainda mais cinco Alas Performáticas, representadas por dançarinas com figurinos que representam as águas e seus milagres, demonstrando relação de cada uma delas com a dança das águas.

Didá em foto divulgação de André Frutuôso

Didá – Conhecidas como “Rainhas que tocam tambor”, as integrantes que formam a primeira banda só de mulheres a tocar samba-reggae no mundo, a Didá, completam 25 anos de história e contagiam com a mistura do samba de raiz e batida africana. Em cima do trio, 18 mulheres farão a harmonia entre teclado e percussão, sob comando das cantoras Carla Lis e Madá Gomes, ex-aluna e percussionista, que fará seu primeiro carnaval como vocalista da Didá. No chão, serão 80 ‘rainhas’ tocando e levando, em várias alas, homenagens às baianas, à Princesa Anastácia e a Neguinho do Samba, além de uma ala de dança mostrando a Didá, desde o surgimento até os dias atuais. 

 Este ano relembrando toda a trajetória dessas mulheres, em sua maioria moradoras da periferia e guerreiras, a Banda Didá desfilará no sábado e segunda-feira, às 12h, com cerca de 1000 participantes (mulheres e crianças), celebrando seus 25 anos e levando para as ruas indumentárias em tons de prata e branco, levantando, do Campo Grande à Praça da Sé, o lema “Didá, 25 anos de Samba-Reggae e Resistência Negra Feminina”.

 “Estar na Didá representa uma descoberta de nós, mulheres. Fico feliz de darmos oportunidade a essas mulheres de comunidades carentes poderem se divertir, tanto quanto em outros blocos, que são pagos, doando alimentos. Elas se divertem e ainda ajudam centenas de pessoas”, descreve Débora Souza, 41, presidente da instituição e filha de Antônio Luís Alves de Souza, o Neguinho do Samba, criador da Didá

 Ela conta que participam do bloco mulheres moradoras da periferia de Salvador que ingressam na Didá mediante o fornecimento de 2 kg de alimentos não perecíveis, um produto de limpeza e Xerox do RG. Os alimentos e produtos, revela Débora, são doados sempre no dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, a instituições como o Núcleo de Apoio ao Combate do Câncer Infantil (NACCI) e Lar Irmã Maria Luiza, entre outras.

 Ouro Negro – Chegando à sua 12ª edição, o Ouro Negro oferece importantes subsídios para o apoio a agremiações de matrizes africanas e tradicionais dentro dos circuitos do Carnaval de Salvador. Desta forma, é promovida a preservação e valorização a presença destes blocos, com o desfile em alas e indumentárias tradicionais, assim como a maior participação da juventude, transmitindo o legado para as novas gerações. Dentro de suas comunidades, estas entidades contribuem para o desenvolvimento social através de projetos que estimulam a construção de uma cultura cidadã.

 Carnaval da Cultura – É o carnaval dos blocos afro, de samba, de reggae e dos afoxés, apoiados por meio do Edital Ouro Negro para desfilar nos três principais circuitos da folia: Batatinha, Dodô e Osmar. É a folia animada, diversa e democrática do Carnaval do Pelô, que abraça o carnaval de rua, microtrios e nanotrios, além de promover nos palcos grandes encontros musicais e variados ritmos numa ampla programação. Tem Afro, Reggae, Arrocha, Axé, Antigos Carnavais, Samba, Hip-hop e Guitarra Baiana, além de Orquestras e Bailes Infantis. E é também a preservação do patrimônio cultural, com o apoio ao carnaval tradicional dos mascarados de Maragojipe. Promovido pelo Governo do Estado, através da Secretaria de Cultura (SecultBA), o Carnaval da Cultura é da Bahia. O Mundo se Une Aqui!

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