Alvorada dos Ojás para paz, respeito e equilíbrio


Foto do site do CEN

A 12ª edição da Alvorada dos Ojás acontece 16 e 17 de novembro, às 18h, no Terreiro do Gantois (Federação) com o início dos trabalhos: o ritual da benção para que adeptos do candomblé promovam a atividade de amarrar tecidos sagrados usados nos cultos afro-brasileiros (os ojás) em árvores sagradas da capital baiana.

E no outro dia as ruas de Salvador amanhecem cobertas de tecidos brancos para baianos e turistas entenderem que o objetivo é pedir paz, respeito à liberdade religiosa e equilíbrio entre as pessoas. Neste ano, a alvorada lembrará ainda a memória do mestre de capoeira Moa do Katendê, ogã de candomblé vítima de um assassinato.

Promovido há 12 anos pelo Coletivo de Entidades Negras (CEN), entidade nacional do movimento negro brasileiro, o evento terá início por volta de 18h. Esse ano, a ação acontecerá em parceria com o Terreiro do Gantois, que abrigará a Alvorada dos Ojás e fará o ritual público de sacralização dos tecidos. O rito, além de ser uma benção coletiva é um pedido de permissão aos orixás para iniciar os trabalhos.

A atividade conta com o apoio da Sepromi (Secretaria de Promoção da Igualdade Racial) dentro da agenda do Novembro Negro e é aberta ao público. Para participar, todos devem vestir roupas brancas em sinal de paz, principalmente por ser uma sexta-feira, dia dedicado à Oxalá.

O grupo de parceiros da atividade em 2018 incluio artista plástico e fundador do Cortejo Afro, Alberto Pitta, responsável pela arte do tecidocom elementos ligados ao candomblé, o afoxé Filhos de Gandhyque fará a pintura dos 1.000 metros de tecido, além do Coral Ecumênico da Bahia, Orquestra de Berimbaus, Mestres de Capoeira e a família de Moa do Katendê.

Mãe Carmen, Iyalorixá do Terreiro do Gantois, destaca a participação de líderes religiosos de diversas matizes nessa ação. Para a líder religiosa, defender a paz e a união é a principal virtude do evento. “A mensagem que desejamos transmitir é uma mensagem positiva, dizendo que é possível conviver respeitando a religião do outro, sem proselitismo, sem violência, sem desrespeito. É disso que precisamos no Brasil, para consolidar o caráter laico do nosso Estado”, afirmou.

Para o historiador Marcos Rezende, coordenador-geral do CEN e ogã de Ewá, a Alvorada dos Ojás de 2018 é especialmente significativa, por acontecer num cenário de conflagração do país. “Queremos apenas que as pessoas se respeitem, respeitem as escolhas das outras, as opções religiosas, as opções políticas, e que o ódio seja banido do nosso convívio”, defendeu, explicando ainda a importância da atividade para o candomblé.

“O ojá é o traje que cobre o ori (a cabeça). Já a árvore é um elemento sagrado da natureza. Sem elas não existiria vida. É sobre a garantia da vida dos fiéis do candomblé que desejamos tratar, é sobre o direito constitucional que as pessoas têm de cultuar a sua religião, a sua fé, ou até, de não possuir religião alguma. Sabemos que o racismo religioso nos atinge porque essas religiões são oriundas da África”, afirma Rezende, que também ocupa o posto de Ojuobá da Casa de Oxumaré, outro terreiro histórico da capital baiana.

Título: Alvorada dos Ojás

Data: 16/11/18 (Sexta-feira)

Horário: 18h

Local: Terreiro do Gantois – Rua Mãe Menininha, 23 – Alto do Gantois/Federação

Aviso: Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não reflete a opinião deste site. Todos os comentários são moderados e nos reservamos o direito de excluir mensagens consideradas inadequadas com conteúdo ofensivo como palavrões ou ofensa direcionadas a pessoas ou instituições. Além disso, não serão permitidos comentários com propaganda (spam) e links que não correspondam ao post.