Festa Literária Internacional movimenta Cachoeira


A cidade de Cachoeira, localizada a 130 km de Salvador, será tomada pela arte e pela literatura entre os dias 11 e 14 de outubro. É que um dos maiores e mais renomados eventos literários do país, a Festa Literária Internacional de Cachoeira (Flica), que terá como homenageada a escritora Conceição Evaristo, chega a sua oitava temporada e reunirá uma programação variada, conduzida por autores da literatura nacional e internacional, que promete agradar adultos e crianças.

Um dos destaques da Flica deste ano é um reforço no debate das questões do movimento negro e na militância político-social. Conceição Evaristo é uma das autoras negras mais bem reconhecidas do país que, aos 71 anos, é responsável por obras marcantes como Ponciá Vicêncio (2003), Becos da Memória (2006), Insubmissas lágrimas de mulheres (2011), Histórias de Leves Enganos e Parecenças (2016) e também a obra com o qual conquistou o Prêmio Jabuti: Olhos D’ Água (2014). Pela segunda vez participando da Flica, ela estará presente na mesa “Admiráveis olhos d’água que nos contemplam”, com mediação de Lívia Natália.

A homenageada fala sobre a importância desse reconhecimento: “É uma honra muito grande ser a escritora homenageada, principalmente, pois, é muito recente essa trajetória da mulher negra na literatura brasileira. A escolha é uma referência que não é feita só para mim, e sim, para todas as mulheres que estão tentando ter reconhecimento no mundo das letras”, declarou Evaristo.

Conceição Evaristo. Foto Joyce Fonseca/Divulgação

Além de Conceição Evaristo, estão confirmadas, também, as presenças do romancista mineiro Silviano Santiago e do escritor Marcus Vinícius Rodrigues. Ambos integram a mesa “A feroz inquietude da escrita”, com mediação de Luciene Azevedo. O premiado autor paulista Julián Fuks e a escritora e contista baiana Aidil Araújo Lima, farão parte da mesa “Pequenas revoluções em nossas trincheiras cotidianas”, com mediação de Wesley Correia.

O autor e poeta paulista Zack Magiezi e o escritor baiano Edgard Abbehusen farão parte da mesa “Os filtros que usamos na literatura do nosso tempo”, com mediação da jornalista Jéssica Smetak. Já a escritora e crítica literária Noemi Jaffe e o escritor carioca Alberto Mussa, compõem a mesa “Enigmas: cegos entre orquídeas e a primeira história do mundo”, com mediação de Mônica Menezes.

O curador da Flica, o escritor e jornalista Tom Correia, falou da expectativa para o evento e também sobre as experiências vivas na Flica. “A expectativa é a melhor possível. A Flica desperta uma relação emotiva muito forte nas pessoas. A gente quer ver Cachoeira vibrando como sempre viu, quer ver mesas instigantes, autores interagindo com o seu público. E para mim, que é o segundo e último ano como curador, a Flica é uma experiência indescritível, tudo que aprendi na Flica vou levar para a vida toda. Estou muito feliz com o que conseguimos alcançar nesses dois anos”, declarou Tom.

Tom Correia. Foto de Rosana Souza/Divulgação

Ao longo dos últimos sete anos, a Flica reuniu diversos autores sendo 28 internacionais, 67 nacionais e 75 locais. Dentre eles, nomes como Pepetela, Gonçalo M. Tavares, Meg Cabot, José Eduardo Agualusa, Paulina Chiziane, Javier Moro, João Pereira Coutinho e Sylvia Day, entre outros. E autores nacionais e locais como Ana Maria Machado, Martha Medeiros, Mary Del Priore, Cristovão Tezza, Laurentino Gomes, Miltom Hatoum, Jout Jout, Antonio Prata, Xico Sá, Marcia Tiburi, Maria Valéria Rezende, Paula Pimenta, Fabrício Carpinejar, Mãe Stella de Oxóssi, Ruy Espinheira Filho, Antônio Torres e João José Reis, entre outros.

Um dos idealizadores e coordenador geral da 8ª edição da Festa Literária Internacional de Cachoeira (Flica), Emmanuel Mirdad, comentou sobre as expectativas para este ano. “Espero mais uma vez a cidade lotada, ônibus chegando de vários lugares lotados. A Flica é uma celebração da literatura, então a perspectiva é a melhor possível, ainda mais que será num feriado”, comentou.

Fliquinha

Momento de contação de história pela escritora Mabel Veloso no evento anterior. Divulgação

Desde 2013, as crianças ganharam um espaço exclusivo na programação da Flica. A Fliquinha garante uma programação especial à garotada, com contações de histórias, bate-papos e apresentações teatrais e musicais direcionados para o mundo infantil. Para a edição de 2018, a programação se destaca como verdadeiro convite às crianças para revisitarem expressões narrativas como objetos de prazer, de ludicidade e de descoberta.

Estão confirmadas as participações das escritoras locais Lulu Lima e Cássia Vale, do escritor e ilustrador brasiliense Roger Mello, do autor e também ilustrador paulista Odilon Moraes.

“Fico sempre muito emocionada quando falo sobre a Fliquinha, pois, é um projeto que estou desde o início e que a gente abraça com muito calor. É muito importante incentivar as crianças a lerem, nesse país que lê tão pouco. A gente tenta trazer na programação algo que estimule o intelecto e também a imaginação. Sempre trazendo autores que prezem pela imaginação, pela criatividade na infância”, explicou a Curadora da Fliquinha Mira Silva.

Flica – uma realização da Icontent e da Cali (Cachoeira Literária) e tem o patrocínio do Governo do Estado, por meio do Fazcultura e conta também o apoio do Hiperideal e da Prefeitura Municipal de Cachoeira. Durante os quatro dias, a cidade de Cachoeira se transformará em um verdadeiro centro cultural que garante atrair mais de 40 mil visitantes em busca de muita história e conhecimento. Em diversos pontos será possível conferir debates literários, lançamentos de livros, exposições, contações de histórias, saraus, apresentações artísticas, dentre outras atividades.

A festa literária movimenta a economia da região, principalmente no setor de serviços, o que acaba criando empregos temporários. O evento gera um aumento no fluxo turístico em mais de 200% durante a sua realização e impulsiona os setores de alimentação, comércio e hospedagem. A ocupação atinge os 100% dos leitos, além das hospedagens em imóveis residências alugados, não apenas em Cachoeira, mais em cidades próximas como São Félix, Santo Amaro e Maragogipe.

 

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