“Animal” com Cyria Coentro no Gregório de Mattos


Trigonoteatro é um projeto de teatro de repertório, concebido por Celso Nunes, e que montará, de março a agosto de 2018, três textos de três autores diferentes, sobre três temas diferentes e que terá a atriz Cyria Coentro como protagonista da primeira peça do repertório: “Animal”, que está em cartaz desde 9 de março no Teatro Gregório de Mattos, às 19h, com preços populares (R$ 10 e R$ 20), e segue até o dia 18 de março, sempre de sexta a domingo.

“Animal” traz Cyria Coentro num solo cênico, sob a direção que Celso Nunes, que também é responsável pela adaptação do texto Inspirado em “L’Enseignant”, romance do escritor belga J.P.Dopagne. O espetáculo é uma reflexão irônica e bem humorada sobre o ensino, que mais do nunca precisa ser repensado para voltar a interessar aos jovens, sobre a carreira de professor, o choque de gerações pais X filhos, educadores X alunos. “Animal” voltará a cartaz em abril, no Teatro Sesc Pelourinho, a partir do dia 06 de abril (sextas e sábados), também com preços populares.

Animal pretende envolver os amantes do teatro, mas também alunos de escolas públicas e privadas, universitários e professores, uma vez que a abordagem da peça inspira o público a uma reflexão sobre a inversão de valores essenciais em nossa sociedade e o reflexo disso no sistema educacional.

Mais Montagens – “Vultos”, o segundo espetáculo a ser encenado pelo Trigonoteatro, é uma livre adaptação de Celso Nunes do texto de Brien Friel e Moly Sweeney, que teve tradução brasileira feita por João Bithencourt. Com estreia em abril, também com direção de Celso Nunes, é considerado um dos mais belos textos sobre Ética Humana do teatro moderno. Em cena são discutidos os mistérios da mente humana, os ganhos e perdas da Medicina, a ética nas relações interpessoais, o direito de se ser o que se é, a exploração das minorias, sanidade e loucura, o universo masculino versus o feminino, temas que são pauta do dia a dia em todo o mundo e que inquietam mentes e corações.

Em agosto, estreia a terceira peça do Trigonoteatro: “Como se Fosse um Crime”, de Ângela Carneiro, brasileira que é escritora e tele roteirista da Rede Globo. Também com direção de Celso Nunes o espetáculo é comédia romântica à brasileira que retrata o casamento como instituição, e fala de adultério, amor, prazer sexual, colonialismo nas relações amorosas, da dinâmica do tédio e como evita-la quando um homem e uma mulher se amam, e da importante função do tempo sobre o amor.

O projeto Trigonoteatro realizará também três bate-papos, com datas ainda a serem divulgadas, intitulados “Conversa a Três”, que contarão com a presença do diretor Celso Nunes, de um dos atores do elenco e de um profissional do mercado de teatro da Bahia para discutir sobre os temas:

1-Processo Colaborativo – Relato e Reflexões sobre a experiência de criação – como se dá esse processo, que mecanismos devem ser adotados para um bom resultado, princípios aplicados para a dramaturgia e para a interpretação;

2-Tendências contemporâneas do teatro brasileiro – a nova relação público/teatro, o que vem dando certo, principais mudanças da atualidade;

3-O teatro de repertório – premissas, escolha de repertório, elenco, cuidados na divulgação, convergência roteiro e elenco, a dinâmica, o que vem sendo feito no Brasil?

O projeto Trigonoteatro foi contemplado no edital setorial de teatro e recebe o apoio financeiro da Funceb, Fundo de Cultura, Secretaria de Cultura e Governo do Estado da Bahia.

Celso Nunes – Há nove anos morando e trabalhando na Bahia, é diretor, encenador e professor, vinculado a companhias e espetáculos marcantes desde os anos de 1970. Estudou direção na Sorbonne, na França, entre 1966 e 1969. Lá conheceu e estagiou com o diretor polonês Jerzy Grotowski, e passou a introduzir sua técnica no Brasil, em especial nas suas primeiras montagens.

Em 1975, formou com alunos da EAD-ECA (Universidade de São Paulo – USP) o grupo Pessoal do Victor montando Victor ou As Crianças no Poder, de Roger Vitrac. Entre os alunos estavam Paulo Betti e Eliane Giardini. A companhia ganhou prêmios importantes e montou textos de peso como Os Iks, de Peter Brook (1977), e no ano seguinte, A vida é Sonho, do dramaturgo espanhol Calderón de la Barca. Nunes deu aulas na USP até 1978.

Dirigiu em 1970 O Interrogatório, de Peter Weiss, sobre os processos antinazistas, quando foi inaugurado o Theatro Studio São Pedro, encenação que lhe garantiu o Prêmio Associação Paulista de Críticos de Arte, APCA. Em 1972, encenou A Viagem, adaptação que Carlos Queiroz Telles realiza sobre o poema Os Lusíadas, de Camões, em uma grandiosa montagem produzida por Ruth Escobar, com cenografia inspiradora de Hélio Eichbauer e mais de 100 pessoas em cena.

Para Fernanda Montenegro e Fernando Torres, dirigiu, em 1973, Seria Cômico…Se Não Fosse Sério, adaptação realizada por Dürrenmatt sobre um texto de August Strindberg, obtendo ótimo resultado. O mesmo se confirmou com Coriolano, de William Shakespeare, que contou com Paulo Autran como protagonista, em 1974.

Em 1976, obteve novo grande sucesso com Equus, peça de Peter Shaffer, cenografia de Marcos Flaksman, e outra participação de Paulo Autran, dessa vez como o psicanalista que trata o jovem psicótico interpretado por Ewerton de Castro.

Uma criação ousada foi realizada, em 1977, com Marilena Ansaldi: transpor para um espetáculo os conteúdos do livro de Wilhelm Reich, Escuta Zé!. Num hábil jogo cenográfico, obteve grande rendimento de Rodrigo Santiago na interpretação do psiquiatra, e de Marilena como o anônimo personagem-título. A realização deixa sua marca na tendência emergente do teatro/dança.

Patética!, a proibida peça de João Ribeiro Chaves Neto sobre o assassinato de Wladmir Herzog, foi liberada em 1980 e ganha, nas mãos de Celso, uma sensível e calorosa expressão, com destaque para Lilian Lemmertz e Ewerton de Castro entre os intérpretes. Novamente com Fernanda Montenegro, conduz As Lágrimas Amargas de Petra von Kant, o inquietante texto de Fassbinder, que fez a estrela angariar prêmios em parceria com Juliana Carneiro da Cunha, hoje uma das principais atrizes do Théatre du Soleil, na França.

Renata Sorrah o convidou para encenar, em 1984, uma obra difícil de Botho Strauss – Grande e Pequeno – sobre uma mulher atormentada que passa a procurar seu passado depois de ver seu casamento desfeito.

Encenou Rei Lear, de William Shakespeare, Galileu Galilei, de Bertolt Brecht, Baton, de Walcyr Carrasco, Ninguém Paga, Ninguém Paga, de Dario Fo, Honra, de Joanna Murray-Smith, Molly Sweeney, de Brian Friel entre mais de 50 outras encenações.

Nos anos de 1990, o diretor foi dos palcos para a área terapêutica. Nunes passou a estudar o Rolfing, método de integração das estruturas humanas pela manipulação dos tecidos conjuntivos e a reeducação pelo movimento, criado por Ida Rolf. Formou-se como rolfista e professor de movimento e mudou-se para Florianópolis, na busca de um local mais tranqüilo para desenvolver seus atendimentos. Hoje está certificado como Advanced Rolfer.

Além de professor em diversos cursos, escolas e workshops, implantou e dirigiu o departamento de teatro da Unicamp. Titulou-se doutor em 1990, com uma tese sobre direção teatral, pela ECA/USP. Na Unicamp, fundou o Departamento de Artes Cênicas, em 1976, que administrou e onde lecionou até se aposentar.

No passado foi casado com a atriz Regina Braga, com quem teve dois filhos: o ator Gabriel Braga Nunes e a fisioterapeuta Nina Braga Nunes.

Cyria Coentro – Atriz desde 1988, Cyria Coentro foi revelada no teatro, em 1989, no sucesso Recital da Novíssima Poesia Baiana. A montagem, que marcava a estreia do grupo Los Catedrásticos, satirizava os sucessos do axé music e tinha também Jackson Costa, Ricardo Bittencourt e Meran Vargens no elenco. “Los Catedrásticos é minha escola, minha família”, diz a atriz. Agora, em “Animal”, se prepara para entrar em cena na vigésima segunda peça de sua carreira, marcada, em teatro por sucessos na Bahia, no Rio de Janeiro e em São Paulo e pela parceria criativa com diretores como Fernando Guerreiro, Paulo Dourado e Zé Celso Martinez.

Em 1993, Cyria fez sua estreia na TV, em Renascer, dirigida por Luiz Fernando Carvalho, com quem ela voltaria a trabalhar em O Rei do Gado (1996) e Velho Chico. Nesta última, interpretou a personagem Piedade, na primeira fase. “Foi um privilégio ter aquele papel e reencontrar Luiz Fernando Carvalho. Piedade teve um destaque imenso devido ao tratamento que ele deu e tive uma parceria ótima com Chico Díaz. Luiz Fernando é um mestre, um mentor da nossa teledramaturgia e da cultura nacional”. De lá para cá atuou em 21 novelas, mini-séries, super-séries e episódios de seriados sempre com personagens marcantes.

Em cinema já participou de nove produções, sob a direção de nomes como Jayme Monjardim, Zé Luis Villamarin e Breno Silveira. Em 2018, além dos palcos, vai ser possível ver o talento de Cyria Coentro no filme “Meteroros”, de Luis Carrone, “O Avental Rosa”, de Jayme Monjardim e na série para o canal Fox Premium “Ouro Branco”, de Tomás Portela e René Sampaio.

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