Salvador e Cachoeira: Mostra de Cinema com filmes premiados em Cannes, Berlim e Roterdã


A Bela da Tarde (1967) com Catherine Deneuve

Filmes premiados nos mais importantes festivais do mundo serão exibidos pela primeira vez em Salvador e Cachoeira (Recôncavo Baiano) na XIII Panorama Internacional Coisa de Cinema  A mostra reúne sete longas-metragem e treze curtas produzidos nas Américas, Ásia, Europa e África entre 2016 e 2017. As sessões acontecem entre os dias 8 e 15 de novembro, no Espaço Itaú de Cinema Glauber Rocha (Salvador) e no Cine Theatro Cachoeirano (Cachoeira).  .

Contemplado com o Prêmio Especial do Júri, Rei (Rey), de Niles Atallah, é um dos longas selecionados. Uma coprodução Chile/França/Holanda/Alemanha, o filme traz um fictício explorador francês que se dedicou a conquistar a Patagônia, no século XIX. A mostra traz também o vencedor do Europa Cinemas Label do Festival de Cannes, A Ciambra, de Jonas Carpignano. Produzido por uma parceria Itália/Alemanha, o filme mostra um adolescente colocando sua maturidade à prova em uma pequena comunidade romana.

A seleção de longas se completa com o argentino O Inverno (El Invierno), de Emiliano Torres; o português Luz Obscura, de Susana de Sousa Dias; o espanhol A Mão Invisível (La Mano Invisible), de David Macián; o holândes Um Lugar Tranquilo (Hier Is het Nooit Stil), de Sjoerd Oostrik; e Medea, de Alexandra Latishev Salazar, uma coprodução Costa Rica/Chile/Argentina.

Entre os curtas da mostra estão Saudações de Aleppo (Greetings From Aleppo), de Issa Touma, Floor van der Meulen e Thomas Vroege. Premiada no Festival de Roterdã, essa produção holandesa documenta histórias de pessoas comuns que permanecem na cidade síria. Entre os premiados estão ainda o argentino Centauro, de Nicolás Suárez, um faroeste greco-crioulo, contemplado com menção especial no Festival de Berlim; e o chinês Uma Noite Suave (A Gentle Night), de Qiu Yang, uma ficção premiada em Cannes, que traz uma mãe que se recusa a desistir da procura por sua filha desaparecida.

A seleção inclui os portugueses Penúmbria, de Eduardo Brito; Altas Cidades de Ossadas, de João Salaviza; e Farpões Baldios, de Marta Mateus; e os franceses After School Knife Fight, de Caroline Poggi e Jonathan Vine; Vovô Morsa (Grandpa Walrus), de Lucrèce Andreae; As Ilhas (Les Îles), de Yann Gonzalez.

Completando a mostra estão o tailandês Morte do Técnico de Som (Death of the Sound Man), de Sorayos Prapapan; o senegalês Terça-feira de Nder (Talaatay Nder), de Chantal Durpoix; o espanhol Cucli, de Xavier Marrades; e Uma Breve História da Princesa X (A Brief History of Princess X), de Gabriel Abrantes, uma coprodução Portugal/França/Reino Unido.

                       Sessão especial “A Mulher no Cinema”

Cineasta Agnes Varda

A Mulher no Cinema é uma das sessões especiais programadas para o XIII Panorama Internacional Coisa de Cinema. Serão exibidos o longa Cinéast(e)s, de Julie Gayet e Mathieu Busson, que entrevista diretoras para debater a participação feminina na produção cinematográfica; e o curta Histórias Maternas (Histoires Maternelles), de Anouk Dominguez-Degen, que explora as nuances dos instintos maternos. “Nossa proposta é criar um espaço de reflexão sobre o lugar da mulher no cinema”, explica a cineasta Marília Hughes, coordenadora e curadora do Panorama.

A programação inclui outras duas sessões especiais. A primeira delas irá exibir Zama (2017), de Lucrécia Martel, longa que traz a saga de um oficial da Coroa Espanhola nascido na América do Sul. Cansado de esperar pela tão desejada transferência, ele acaba partindo em busca de um bandido perigoso. A segunda sessão será com A Negação do Brasil (2000), de Joel Zito Araujo, que analisa o papel dos atores negros na história da telenovela.

A sessão Cineclube Walter da Silveira realiza a primeira exibição da cópia restaurada de A Grande Cidade (1966), em Salvador. Dirigido por Cacá Diegues e protagonizado por Anecy Rocha, irmã de Glauber Rocha, o filme mostra uma nordestina que vai para o Rio de Janeiro em busca do noivo e descobre que ele se tornou um temido assaltante.

                       Clássicos de David Lynch, Bergman e Buñuel

Cidade dos Sonhos, de David Lynch (2001)

Diretores que marcaram a história do cinema mundial terão filmes icônicos exibidos no Coisa de Cinema, David Lynch, Ingmar Bergman, Luis Buñuel, John Cassavetes e outros cinco cineastas integram a Mostra Clássicos, com obras realizadas entre 1928 e 2001.

Após o término da terceira temporada de Twin Peaks e a breve passagem do documentário David Lynch: A vida de um artista pelos cinemas de Salvador, Lynch será representado por Cidade dos Sonhos (2001), filme que lhe rendeu o prêmio de melhor diretor em Cannes. Acompanhada por um guia para “decifrar” sua trama, na época do lançamento, a obra é “ambientada no universo irreal de Los Angeles”, com uma “mistura desconfortável de inocência e corrupção, amor e solidão, beleza e depravação”, como descreve a sinopse.

Outra produção que desafia o espectador é Persona (1966), do sueco Ingmar Bergman. O filme mostra uma atriz que perde a fala durante uma apresentação teatral e é internada em uma clínica psiquiátrica. Seguindo orientações médicas, ela se isola em uma ilha sob os cuidados da enfermeira Alma, o que dá início a uma relação com intimidade crescente, estabelecendo trocas de identidade.

Premiado no Festival de Veneza e protagonizado por Catherine Deneuve, A Bela da Tarde (1967) traz o cinema de Luis Buñuel para a mostra. Na trama, uma jovem dona de casa tenta conciliar suas fantasias com o cotidiano ao lado do marido. Ela começa a trabalhar eventualmente em um bordel secreto, usando o pseudônimo de “bela da tarde”. No entanto, o surgimento de um cliente possessivo faz com que tente voltar à sua vida normal.

Uma figura feminina também está no centro da trama de Uma Mulher sob Influência (1974), de John Cassavetes. No filme, Mabel é uma dona de casa em constante desequilíbrio emocional, o que começa a afetar a vida dos seus filhos. Quando ela é internada, o marido precisa assumir o controle da casa.

A mostra se completa com A Colecionadora (1967), de Eric Rohmer; O Martírio de Joana D’Arc (1928), de Carl Th. Dreyer; Cesar e Rosalie (1972), de Claude Sautet; Cidadão Klein (1976), de Joseph Losey; e Memórias do Subdesenvolvimento (1968), de Tomás Gutiérrez Alea.

Homenagem a Guido Araújo e Luiz Paulino
Falecido em setembro deste ano, o cineasta Guido Araújo será homenageado no XIII Panorama Internacional Coisa de Cinema, com a exibição de dois episódios da série O Senhor das Jornadas, dirigida por Jorge Alfredo. Criador da Jornada Internacional de Cinema da Bahia (1972 – 2012), Guido dirigiu diversos documentários focados no interior da Bahia, como Maragogipinho, Feira da Banana, A Morte das Velas do Recôncavo, Lambada em Porto Seguro e Raso da Catarina.

Índios Zoró – Antes, Agora e Depois? (2016)

O Panorama exibe o primeiro e o último dos cinco episódios de O Senhor das Jornadas. A série começa resgatando a vida de Guido em Castro Alves, cidade natal do cineasta, sua chegada a Salvador e a passagem pelo Rio de Janeiro; e termina focando na produçao de curtas e nas memórias das Jornadas de Cinema. As sessões acontecem nos dias 13 (17h50) e 14 (19h) no Espaço Itaú de Cinema Glauber Rocha, sede do festival.

Outros dois cineastas brasileiros falecidos este ano serão homenageados no XIII Panorama: o baiano Luiz Paulino dos Santos e o gaúcho Geraldo Moraes. Paulino também era ator e interpretou o peregrino em O Homem que não dormia, do amigo Edgard Navarro. O festival vai exibir seu último trabalho como diretor, o documentário Índios Zoró – Antes, Agora e Depois? (2016), no dia 9/11, às 16h, na sede do Panorama, e dia 10/11, às 15h, na Sala Walter da Silveira.

A obra de Geraldo estará representada por A Difícil Viagem (1981), o primeiro longa da sua carreira, que será exibido dia 10/11, às 15h25, no Espaço Itaú de Cinema Glauber Rocha. O cineasta foi Secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura, na década de 1990, e coordenou a regulamentação da Lei do Audiovisual, publicada em 1993.

O XIII Panorama Internacional Coisa de Cinema acontece de 8 a 15 de novembro, em Salvador e Cachoeira, com patrocínio da Petrobras; apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia, através do Fundo de Cultura; e apoio institucional da Prefeitura de Cachoeira.

XIII Panorama Internacional Coisa de Cinema
Quando: 08 a 15 de novembro
Onde: Espaço Itaú de Cinema Glauber Rocha / Cine Theatro Cachoeirano
Preço: Salvador: R$ 10,00 (inteira)/ R$ 5,00 (meia) avulso – R$ 40,00 passaporte com 10 ingressos
Cachoeira: Gratuito
Programação completa: http://coisadecinema.com.br/xiii-panorama/

 

 

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