Cangaço é tema de exposição no Palacete das Artes


Lampião e seu bando, 1929

O Cangaço marcou o Nordeste nos anos 20 e 30. E quem não tem curiosidade de mergulhar nesta história e ver imagens do bando coloridas? Então, vá  ver “Pepitas de Fogo: O Cangaço e seu tempo colorizados”, exposição aberta quinta (11 de agosto), às 14h, na Galeria Mansarda do Palacete das Artes,  até 11 de setembro. Do artista, historiador e geólogo Rubens Antonio.

A mostra apresenta 30 imagens colorizadas, retificadas e complementadas relacionadas ao momento do cangaço. De acordo com o artista, o trabalho, inédito no Brasil, foi criado a partir de material fotográfico disponível e de peças preservadas da época, acompanhados de pesquisa em cerca de 5 mil matérias de jornais, relatórios, e testemunhos. Além disto, utilizou-se a técnica informática, com atuação centrada nos programas Adobe Photoshop e Adobe Creative Suite. “As imagens refletem seu tempo de maneira ampla, sendo fruto de uma longa pesquisa de resgate das configurações e cores prováveis. Nelas, será possível conhecer o dia a dia dos cangaceiros, além de outras feições”, explica Rubens.

Durante a exposição, o público irá conhecer alguns aspectos de Salvador na época do Cangaço. “Era uma Bahia diferente. Desde o evento de Lucas da Feira, até o final do Cangaço, trazido por Lampião e Corisco, Salvador atravessou este tempo como capital quase ilhada, à qual o contato com outras capitais se fazia quase exclusivamente por navios de carreira. Ver suas imagens é visitar uma outra noção de espaço e dinâmica humana”, explica o geólogo Rubens Antonio.

Para o diretor do Palacete das Artes, Murilo Ribeiro, receber uma exposição sobre o Cangaço traduz a diversidade cultural proposta pelo museu. “O trabalho de Rubens Antonio é resultado de uma importante pesquisa artístico-cultural e histórica. Com certeza o público ficará interessado pelo tema, que envolve compromisso e dedicação à arte”.

Saiba mais: O Cangaço foi um movimento que emergiu no século XIX, ganhando apogeu entre as décadas de 1920 e 1930, com destaque para muitos eventos ocorridos na Bahia. Assumiu a dimensão de um dos fenômenos mais estudados, em trabalhos de foco local até contemplações internacionais. É explorado desde o artesanato regional, as feiras livres, paradas de ônibus, circos, bibliotecas, gabinetes, galerias, institutos histórico-culturais e universidades, até as tradicionais manifestações juninas.

Na literatura, seja trágica, épica, dramática ou cômica, transitou pelo romance regionalista do século XIX, como no “O Cabeleira”, do autor cearense Franklin Távora, passando por “Viventes de Alagoas”, de Graciliano Ramos, “Grande Sertão: Veredas”, de João Guimarães Rosa, até a “Pedra do Reino” e o “Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna. O livro “Lampião na Bahia”, de Oleone Coelho Fontes, está em sua oitava edição. Surge nos cordéis populares e nos quadros de pintores renomados como Carybé.

Rubens antonio

Sobre o artista: Rubens Antonio da Silva Filho, nascido em 1960, filho de baianos, neto de baianos e sergipano, é carioca do bairro de Realengo, e reside na Bahia desde 1984. Cursou Geologia, pela UFRRJ, Artes Plásticas, licenciatura e bacharelado em História pela UFBA. É mestre em Geologia. Trabalha no Museu Geológico da Bahia e

lecionou na Uneb. Já percorreu os 417 municípios baianos. É co-autor de mapas e textos do Mapa Metamórfico da Bahia. É autor da peça de teatro “Felipa”, em torno da Inquisição na Bahia. Ministra cursos e profere palestras, em diversas instituições, sobre o Cangaço na Bahia, Epistemologia, Antropologia e as Histórias da Arte, da Ciência, de Salvador e Geológica da Bahia. É sócio efetivo do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia.
O Palacete das Artes é um equipamento vinculado ao Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural/Secretaria de Cultura do Estado da Bahia.

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